O presidente Jair Bolsonaro disse a jornalistas nesta segunda-feira (1°) que "o casamento está marcado" em relação a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Bolsonaro, que está no país asiático para a quarta visita internacional desde que se tornou presidente da República, anunciou nesse domingo (31) a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, mas pediu calma em relação a mudança no local da embaixada.
"Tem o compromisso, mas meu mandato vai até 2022, ok? Está explicado? E a gente tem que fazer as coisas com calma, sem problema, mantendo contato com o público de outras nações, e o que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel. Se eu fosse hoje e fosse abrir negociações com Israel, botaria a nossa embaixada aonde? Seria em Jerusalém. Agora, a gente não quer ofender ninguém. Agora, eu quero que respeitem a nossa autonomia", declarou. "Tá tudo tranquilo, podem ter certeza. O casamento está marcado", completou o presidente.
Caso a transferência, de fato, ocorra, o Brasil se tornará o terceiro país, depois da Guatemala e dos Estados Unidos, a tomar a decisão.
O anúncio do presidente foi descrito pelo primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como "um primeiro passo" para a transferência da embaixada.
"Estamos agora em Jerusalém. Eu o cumprimento por sua decisão de abrir um escritório de comércio, tecnologia e inovação do governo brasileiro em Jerusalém. E vou lhes revelar um segredo: eu espero, quero acreditar, que é o primeiro passo para a abertura, um dia, da embaixada do Brasil em Jerusalém", disse Netanyahu.
A abertura do escritório já tinha sido mencionada por Bolsonaro no dia 28 de março, após cerimônia no Clube do Exército, em Brasília. "[Donald] Trump levou nove meses para definir a mudança da embaixada. Nós talvez abramos um escritório de negócios em Jerusalém", sinalizou o presidente.
A proposta da transferência sofreu sérias críticas dos países árabes, que estão entre os principais compradores das exportações brasileira de carne, mas o recuo parcial do governo não acalmou os ânimos.
De acordo com o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, o escritório comercial não terá status de representação diplomática e nem significa o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo Brasil. Segundo ele, o propósito é promover a cooperação em comércio e tecnologia.