Embaixadores árabes pedem reunião de urgência com Bolsonaro e chanceler

A informação foi confirmada pelo embaixador palestino Ibrahim Alzeben
JC Online
Publicado em 01/04/2019 às 17:55
A informação foi confirmada pelo embaixador palestino Ibrahim Alzeben Foto: Foto: Jack GUEZ / AFP


Embaixadores de países palestinos fizeram um pedido formal para uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, quando a comitiva brasileira retornar ao Brasil da visita oficial a Israel. O pedido foi confirmado pelo embaixador palestino Ibrahim Alzeben, convocado pela Autoridade Palestina após anúncio de Bolsonaro sobre a criação de um escritório comercial em Jerusalém.

"Até agora não tivemos resposta, imagino que a agenda de ambos [de Bolsonaro e Araújo] esteja bem difícil. E não sei se este silêncio tem relação com a visita a Israel", afirmou Alzeben, que é decano do conselho de embaixadores árabes e islâmicos no Brasil. O conselho reúne representantes de 41 países que se reúnem mensalmente em Brasília. Segundo o diplomata, o conselho convocou uma reunião emergencial, que será realizada na Liga Árabe - organização que reúne 22 países - após a viagem do presidente e da comitiva.

O Palácio do Planalto e o Itamaraty ainda não se pronunciaram sobre o convite dos embaixadores árabes para a reunião.

Escritório de negócios

Nesse domingo (31), ao lado do primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um escritório de negócios brasileiros em Jerusalém. Ibrahim Alzeben afirmou que está no aguardo de instruções da diplomacia palestina em relação ao escritório.

"Recebi o comunicado do ministério para entrar em contato com eles. O que me pediram foi para estar preparado, aguardando a conclusão da visita de Bolsonaro, para avaliar os desdobramentos dessa visita", explicou o embaixador. "Estarei aqui por muito tempo ainda. Estou aqui há 11 anos. Cada vez que eu preparo as malas para ir embora, aparece uma novidade que me deixa aqui mais tempo. Estou muito feliz no Brasil, é um país amigo e acredito que meu trabalho está sendo feito para o bem dos dois lados", afirmou.

Religião e política

Em relação a visita do presidente ao Muro das Lamentações, Ibrahim Alzeben disse que não se deve misturar religião e política. "Não vamos misturar religião com política. É território ocupado, e a visita deveria ser canalizada através do lado palestino", disse.
O Muro das Lamentações é um local sagrado para os judeus em Jerusalém Oriental, além d de ser uma área reividicada pelos palestinos e considerada ocupada pelos israelenses.

"Foi uma visita a um santuário no território palestino ocupado. Qualquer visita a qualquer santuário, independente de ser judaico, cristão ou muçulmano, deveria ter sido canalizada através das autoridades palestinas competentes. Existe um salto comissionado dos santuários que normalmente organizam este tipo de visita. Lamentavelmente, Israel pressionou de uma maneira tão grande e aproveitou o sentimento religioso indiscutível do senhor presidente para fazer a visita", afirmou o embaixador.

"É território ocupado e deveria ser respeitado até que seja libertado (...) Tudo está misturado. Nazaré é território agora considerado israelense, e é um lugar cristão. Belém é cristão e está situada sob o controle da autoridade palestina. Jerusalém está ocupada por Israel. Todo o território aqui é uma mistura religiosa. Mas devemos saber separar religião e política. O Muro das Lamentações está em território ocupado, com todo o respeito à fé judaica e todos que os seguem a fé judaica", completou.

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