Após o “ultimato” da presidente Dilma Rousseff (PT) dado aos governadores do Nordeste, o governador Paulo Câmara (PSB) não demorou em tomar uma iniciativa. Convocou a bancada federal pernambucana do PSB para uma reunião logo após a Semana Santa. O objetivo é definir a posição dos socialistas, que na Câmara Federal se dizem independentes, sobre o pacote de ajuste fiscal enviado pelo Executivo Federal. No recente encontro com a comitiva de governadores do Nordeste, a presidente pediu empenho dos nove gestores em trabalhar para que suas bancadas parlamentares votem a favor do pacote. Ao contrário do restante dos governadores, Paulo Câmara foi o único que não apoiou a reeleição da presidente Dilma, ano passado.
O líder do PSB no Congresso, Fernando Filho, disse que não falou com Paulo após a reunião com a presidente. Sobre a convocação, disse ter sido informado “pela imprensa”. “Não tinha essa pauta, creio que foi provocada pelo pedido da presidente. Mas eu ainda não conversei com Paulo”, falou o socialista.
O pacote trata de duas Medidas Provisórias, de números 664 e 665, que altera as regras sobre a concessão de pensões, auxílio-doença e seguro-desemprego, e mexe nas desonerações na folha de pagamento das empresas.
“Temos conversado sobre alguns temas, mas não temos opinião formada para tomar uma posição agora. Vamos aguardar a reunião com o governador. Evidentemente um pedido dele tem um peso”, pontuou. Ele, porém, já faz considerações de que o momento é de dificuldades e que um ajuste é inevitável. “Não queremos o quanto pior melhor. Tem coisas que se admite dentro do pacote. Mas não dá para achar que vai fazer ajuste fiscal em cima do trabalhador”.
Mesmo fazendo parte da base aliada de Paulo, os representantes do DEM, PPS e PSDB, que são oposição a Dilma, não admitem qualquer apoio ao pacote. “Não dá pra acreditar numa promessa de apoio ao Nordeste de uma pessoa que não cumpriu com sua palavra”, atacou o deputado Bruno Araújo (PSDB), líder da minoria.