Um dia depois de o governo adiar a votação da primeira medida do ajuste fiscal no Senado por medo de que a proposta fosse derrotada, o senador Humberto Costa, líder do PT na Casa, se queixou dos colegas de partido Paulo Paim (RS) e Lindbergh Farias (RJ), que anunciaram que votariam contra o Planalto. Em entrevista à Rádio Jornal nesta quinta-feira (21), Humberto disse que os discursos de Paim e Lindbergh seguem uma visão "mais corporativa" e que o Senado Federal vai pensar mais no Brasil do que nos "interesses meramente eleitorais de cada um".
"Eu me lembro em 2003 quando Lula foi obrigado a tomar uma série de medidas amargas para equilibrar o País. Muita gente disse que ele tinha se convertido ao neoliberalismo, que estava defendendo os interesses do setor financeiro. E foram os mesmos que dois ou três anos depois choravam para que o presidente Lula fosse defendê-los nos seus palanques eleitorais nas eleições estaduais", alfinetou ainda o pernambucano.
Humberto também criticou os manifestantes da Força Sindical que acompanharam a votação no Senado e vaiaram o discurso em defesa do ajuste. "Aquelas pessoas que estavam ali eram militantes profissionais, remunerados pela Força Sindical", afirmou. "São os maiores defensores desse processo de terceirização. Fazendo o jogo integral dos empresários. Sendo por eles financiados, inclusive", disparou.
Para o petista, que disse enfrentar as vaias com tranquilidade, os integrantes da Força Sindical estavam no Congresso para defender os interesses da oposição e não dos trabalhadores.
A votação da Medida Provisória que altera a concessão do seguro-desemprego, do abono salarial e do seguro-defeso para pescadores foi adiada para a próxima terça-feira (26).
Além de Paim e Lindbergh, outros integrantes de partidos aliados também anunciaram que votarão contra a proposta, como Cristovam Buarque (PDT-DF), Reggufe (PDT-DF), Roberto Requião (PMDB-PR), Hélio José (PSD-DF) e Marcelo Crivella (PRB-RJ).