Uma das pontes entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o setor produtivo, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto (PTB), defendeu nesta sexta-feira (23) a criação de um imposto provisório como a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras) para fechar as contas do governo federal e promover o ajuste de curto prazo. Em entrevista à Rádio Jornal, o pernambucano defendeu a necessida de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, discutir cada vez mais uma agenda pós-ajuste e afirmou que é preciso superar a discussão sobre o impeachment no país.
"Nesse contexto, não há outro caminho no Brasil senão criar um imposto de caráter provisório. E aí, tem que ser de caráter provisório. Precisa se aprovar a CPMF no seguinte contexto: enquanto tiver havendo queda real na arrecadação, esse imposto permanece. Assim que você interromper a queda real no valor da arrecadação, esse imposto desaparece", afirmou Armando, para quem a criação da CPMF, em 1999, ocorreu em uma crise fiscal muito similar a atual. "Se o Congresso não aprovar a CPMF, o Congresso está obrigado a dizer como faremos então, o ajuste, porque mágica ninguém faz. É preciso pagar as contas", pontuou.
O ministro saiu em defesa do ajuste fiscal promovido pela presidente Dilma, mas afirmou que para que o Brasil inicie um novo ciclo de crescimento é preciso avançar em temas como a reforma tributária, a reforma da presidência e o ambiente regulatório nacional. "O ajuste é meio, o objetivo é o crescimento. Eu acho que o ministro Levy precisa dar cada vez mais espaço nas suas manifestações a essa agenda pós-ajuste", alertou, lembrando que o papel da comunicação é muito importante para o Ministério da Fazenda.
Armando também disse discordar totalmente do presidente do PT, Rui Falcão, que tem se manifestado contra o ajuste fiscal e sinalizado com a saída de Levy do cargo. "Acho que a posição do presidente do partido está errada. Eu não vejo outro caminho que não seja o do ajuste fiscal. Porque sem reequilibrar a parte fiscal, você não pode criar condições para que o Brasil volte a crescer. Então, essa manifestação do presidente do PT, ao meu ver, não ajuda o país, nem o governo. Eu discordo de forma categórica", reforçou.
IMPEACHMENT - Em um tom otimista, o ministro pernambucano fez questão de afirmar que o Brasil tem capacidade de superar crises episódicas, mas lembrou que a disputa política radicalizada precisa serenar porque os problemas do país existem posturas mais responsáveis do governo e da oposição. Ele também disse que a oposição precisa se dar conta de que a escaramuça sobre impeachment tem que terminar de uma forma ou de outra.
"Nós estamos enredados numa disputa política que vem se estendendo demasiadamente. A oposição está intrincheirada na tese do impeachment. O impeachment pelo impeachment. É uma luta política aberta. Enquanto a agenda do Brasil, for essa discussão do impeachment, nós paralisamos uma série de iniciativas que são fundamentais para o Brasil sair da crise. E aí, o que é que eu desejo? Eu desejo que essa questão de algum modo se resolva. O Congresso nacional possa resolver isso em três semanas ou em quatro, para nós passarmos para uma outra agenda", disse.