Em ano eleitoral, seguindo os passos contrários da Assembleia Legislativas de Pernambuco (Alepe), a Câmara Municipal passa por um momento crítico para a oposição do governo socialista. Graças ao processo de atração realizado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) para turbinar a sua base na Câmara dos Vereadores do Recife durante a última janela partidária, em março deste ano, falta uma oposição mais influente na Casa. A situação é perceptível tanto pelo número reduzido de vereadores nas fileiras da oposição quanto pela preferência da Casa em projetos do Executivo em detrimento aos que surgem no Legislativo municipal. Para se ter uma ideia, faz-se uma festa quando um projeto de lei do Executivo não atinge quórum suficiente para a aprovação, mais por falta de integrantes de aliados de Geraldo que pelo número de pessoas contrárias.
A última janela partidária deixou a Câmara Municipal com apenas sete vereadores - de 39 no total - no campo opositor ao governo. Seriam oito. No entanto, o vereador Erivaldo da Silva, que era do PTC, sigla aliada ao prefeito, rumou para o PTdoB, na oposição. Um dia depois, migrou para o PSD, retornando para a base socialista. Na Câmara Municipal, mais da metade dos vereadores contrários pertencem ao PT: Osmar Ricardo, Jurandir Liberal, Marília Arraes e Jairo Britto. Além deles, André Régis (PSDB), Antônio Luiz Neto (PTB) e Isabella de Roldão (PDT) completam a lista. Tamanha pluralidade dificulta que a bancada de oposição esteja em sintonia e façam críticas pontuais sobre temas diversos. Enquanto Osmar Ricardo, por exemplo, bate de frente com o governo socialista, Jairo Britto leva ao plenário temas de nível nacional, como o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Nos bastidores, ainda há o entendimento de que alguns vereadores sentem-se desprestigiados pelo governo municipal e até cogitam mudar de lado. Os nomes de Aerto Luna (PRP) e Marco Aurélio Medeiros (PRTB) seriam alguns dos políticos insatisfeitos. O primeiro, por sinal, estaria por causa de toda a polêmica envolvendo o aplicativo Uber e os taxistas na cidade. Questionado sobre o assunto, Luna refutou a tese de que haveria algum aborrecimento com o prefeito, mas não descartou a tese de uma eventual mudança. “Apesar da minha relação com o prefeito ser excelente, nada na política é definitivo. Não cabe a um vereador decidir isso, já que o diretório municipal está atrelado ao estadual e ao federal”, conta.
Líder da oposição na Casa, Osmar Ricardo (PT) afirmou que tem esperança de que haja uma contraofensiva da oposição. “Daqui a algum tempo, veremos uma boa parte da base governista indo para a oposição aqui na Câmara. E será algo natural, pois o prefeito Geraldo Julio não tem qualquer compromisso com os vereadores nem com os próprios partidos do governo”, ataca.