Sondagem do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio e o Portal Leia Já, aponta que 84,1% dos recifenses não confiam nos detentores de mandato e a corrupção é interpretada como fator preponderante para desconfiança (48,8% a colocaram como motivo número um). Outro dado apontado no levantamento é que um quarto dos recifenses disseram não confiar em nenhuma instituição.
Os esquemas fraudulentos que permeiam as relações entre políticos e executivos de empreiteiras colocaram na mira da Polícia Federal e no cotidiano das pessoas os prejuízos causados pela corrupção. O fato é, inclusive, apontado como principal motivo para desconfiança em relação aos políticos.
As mentiras atribuídas aos mandatários também são apontadas como razão para a descrença. Curioso é que somente 2,5% atribuem o descrédito à atual conjuntura. Dos entrevistados, 36,9% avaliam a imagem dos políticos como ruim ou péssima.
Coordenador da pesquisa, o professor e cientista político, Adriano Oliveira, faz uma provocação quanto ao comportamento do eleitor, já que este ano teremos eleições para escolha de prefeito e vereador.
"Os políticos precisam ficar atentos aos questionamentos de corrupção, pois temos um sistema político destruído pelas investigações da Operação Lava Jato. Sabemos que os políticos precisam fazer diferente, mas será que os eleitores vão fazer diferente? Ou vão votar nas mesmas caras?", indagou.
Outro aspecto revelado pelo levantamento é que, em meio à onda de desconfiança com os políticos, o voto obrigatório também entra em xeque, às vésperas do período eleitoral.
Do total de entrevistados, 84,5% afirmam não concordar com a obrigatoriedade. Apesar da resposta, eles afirmam que há o compromisso em honrar com a obrigação eleitoral. Ao todo, 69,1% dos recifenses afirmaram que vão às urnas este ano.
INSTITUIÇÕES
Mais uma vez, a Polícia Federal aparece como a instituição mais confiável entre os recifenses, apesar do recuo em relação à última sondagem.
Em fevereiro, data da pesquisa anterior, 21,8% dos entrevistados apontavam a entidade como a mais digna de confiança. Desta vez, ela continua na dianteira, mas somente com 12,3% da preferência.
O Corpo de Bombeiros surge em segundo lugar com 11,2% dos votos. Aumentou no período a descrença generalizada, visto que 25,6% dos ouvidos disseram não confiar em nenhuma instituição.
No dia 7 de junho, o agente Newton Ishii, famoso por escoltar investigados da Operação Lava Jato, foi preso pela Polícia Federal. Conhecido como "japonês da federal", ele foi condenado em segunda instância a quatro anos e dois meses de prisão em regime semiaberto por facilitação de contrabando.
O caso ganhou repercussão justamente pela curiosidade de um agente público, alçado por parcelas da sociedade a herói, ter sido preso por corrupção. A pesquisa da Nassau foi realizada entre os dias 14 e 15 de junho.
Ao todo, o IPMN ouviu 624 pessoas, com mais de 16 anos. Desse total, 55,6% são mulheres. Dos ouvidos, 51,9% tem ensino médio completo ou superior incompleto e 36,1% estão na classe C.
Mais de um terço estão empregados e outros 23% são autônomos. A confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de quatro pontos percentuais.