Lula: ''Para eu não ser candidato em 2018, é só o Brasil dar certo''

Ex-presidente diz que entra na disputa se perceber ameaças a conquistas sociais obtidas pelo PT
Franco Benites
Publicado em 12/07/2016 às 9:29
Ex-presidente diz que entra na disputa se perceber ameaças a conquistas sociais obtidas pelo PT Foto: Sistema Jornal do Commercio


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a favor do retorno de Dilma Rousseff (PT) ao cargo de presidente da República, mas quando fala sobre 2018 deixa cada vez mais claro que pode entrar na disputa para tentar obter seu terceiro mandato como líder político-administrativo do Brasil. Em entrevista exclusiva à Rádio Jornal na manhã desta terça-feira (12), Lula disse que "política é como uma boa cachaça".

De acordo com Lula, as ameaças aos projetos implementados pelos governos do PT são o que mais lhe motivam a pensar em ser candidato. "Uma das possibilidades de eu ser candidato é se tiveram destruindo as conquistas sociais que nós fizemos", declarou. 

>> Confira na íntegra a entrevista de Lula na Rádio Jornal

Em outro momento da entrevista, Lula disse que não pode afirma que é o único capaz de resolver os problemas do Brasil porque seria "presunção", mas se colocou como pré-candidato nas entrelinhas. "Para eu não ser candidato em 2018, é só o Brasil dar certo. Por que ia me meter a ser candidato de novo? Fiz um bom governo, terminei o meu mandato com 87% de bom e ótimo. Queria viver minha vida tranquila com a minha mulher, mas quem entra na política é uma desgraça. Dizem que é igual a uma boa cachaça. Fico olhando as coisas fáceis ficando difíceis. Tudo isso (as conquistas do PT) está murchando. Por que não me deixam quieto?", declarou.

Lula afirmou que gostaria de ver um candidato novo, entre "40 e 50 anos" que "conhecesse a mão do agricultor e do pedreiro" e que tivesse a mesma disposição que ele para viajar. Ele também opinou sobre qual a solução para debelar a crise política e econômica instalada no País. 

"Aprendi na vida que quanto mais você fizer o óbvio, mais acerto você tem. Em economia, não tem mágica. Economia é uma questão de confiança. As pessoas têm que dormir sabendo que não vai acontecer nada de novo, que não vão ter uma surpresa. O governo tem que pegar os recursos e investir naquilo que ele acha que vai gerar novos ativos produtivos", pontuou.

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Ciente de que tem no Nordeste seu eleitorado mais fiel, Lula aproveitou os microfones da Rádio Jornal, que transmitia a entrevista direto de Petrolina, no sertão pernambucano, para defender o seu legado como presidente. "Quis tornar o Brasil mais igual, diminuir a diferença do Nordeste para o Sudeste. Não queremos que o nordestino viaje a São Paulo à procura de emprego, mas que viaje a turismo", afirmou. 

Com uma oratória de candidato, Lula afirmou que em seu governo fez a máquina pública trabalhar para os mais pobres. "Essa sociedade aprendeu nos últimos 13 anos que era possível comer contra-filé. Quando a gente aprende a comer contra-filé, a gente quer comer filé no dia seguinte e não quer voltar a comer pescoço de frango. Esse povo aprendeu a comprar carrro, a andar de avião, o nordestino aprendeu a trocar o jegue por uma moto. Esse povo sonhou e esse sonho está se esvaindo", declarou.

Ao falar sobre obras hídricas no semi-árido nordestino, Lula voltou a defender as ações do PT. "Eu sonhava que era possível fazer as pessoas sobreviverem no semi-árido. Tivemos a seca mais grave do último século e não teve criança morrendo de subnutrição. Isso é resultado de 1,4 milhão cisternas feitas no Nordeste. Alguém que mora em Copacabana, na Avenida Paulista, em Boa Viagem está pouco se lixando, mas o cidadão que mora no meio do mundo, essas pessoas que carregam lata d´água na cabeça quando veem uma cisterna é como se Deus colocasse com a mão um açude para elas", disse.

No giro por Pernambuco, Lula ainda passará pelas cidades de Carpina, na Zona da Mata, Caruaru, no Agreste, e Recife. Na capital pernambucana, o PT organiza um ato no centro da cidade a ser realizado na tarde desta quarta-feira (13).

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