De São Paulo, onde se preparava para participar de uma reunião do Diretório Nacional do PT, o presidente do partido em Pernambuco, Bruno Ribeiro, se disse indignado com a denúncia contra o ex-presidente Lula (PT) feita pela Força Tarefa da Lava Jato e acusou setores do Judiciário de tentarem agir politicamente. Para o petista, o objetivo é inviabilizar uma eventual candidatura presidencial de Lula em 2018. Para o procurador Deltran Dallagnol, coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, Lula é o "comandante máximo" do esquema de corrupção.
"De rua vai ter (manifestação), sim, com certeza. Toda ação corresponde a uma reação. Ainda não se tratou disso (na direção do PT). Estão levando o País a uma aventura de consequências imprevisíveis. Destituir uma presidente por motivo fútil e querer condenar a maior liderança popular viva da política brasileira. Isso não vai terminar bem", avaliou Bruno.
"Há um segmento nesse setor judiciário brasileiro que está exercendo interferência política", disse o petista. Ao longo da conversa com o JC, Bruno, que é advogado, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes; o juiz federal Sérgio Moro; e o procurador-Geral da República Rodrigo Janot. Segundo ele, há uma inversão do processo judicial, em que Lula foi escolhido como alvo e depois se buscou elementos para processá-lo.
"Lula tem renda suficiente para ter um ou outro bem. Ele não precisaria estar escondendo", reagiu, sobre a possibilidade de o ex-presidente ter usado laranjas para adquirir bens em nome da família. Para o candidato João Paulo (PT), Lula vai provar sua inocência.
Com candidatos nas principais cidades de Pernambuco, inclusive no Recife, com o ex-prefeito João Paulo tecnicamente empatado nas pesquisas, Bruno Ribeiro evitou avaliar o efeito negativo que a notícia teria na campanha municipal. "Há uma tentativa de produzir resultados já na eleição, não tenha dúvida. Por isso estamos denunciando", resumiu.
Para o presidente do PT-PE, há uma articulação sincronizada de setores do Judiciário e da grande imprensa para agir antes de grandes eventos, mas disse estar confiante que isso está ficando claro para a população, que votará indignada. "O povo vai votar com o gosto amargo de ter tido o seu voto de 2014 cassado. Em Pernambuco foram 3,5 milhões de votos", afirmou.