JORNAL DO COMMERCIO - Como é a sua participação na campanha?
SILVIO COSTA FILHO - A gente tem dialogado com João Paulo de forma permanente. A nossa participação tem sido discutindo proposta, ideias para a cidade, ajudando na coordenação da campanha, da construção do programa de governo. Pela experiência na liderança da oposição, tivemos a oportunidade de fazer um grande diagnóstico sobre os problemas da cidade, pensando na cidade do Recife, pensando no presente e os desafios que nós temos para o futuro na educação, na saúde, na mobilidade urbana, na segurança cidadã, na economia criativa.
JC - A estratégia para o segundo turno já foi discutida?
SILVIO - A estratégia é a mesma, continuar na mesma direção, fazer uma campanha limpa, propositiva, que nós possamos discutir e debater de forma mais objetiva os problemas da cidade. Nós teremos agora uma campanha mais justa, mais equilibrada, tendo em vista que o prefeito tinha 600 candidatos a vereador, o dobro do tempo de televisão, uma máquina do governo estadual, a máquina do governo municipal, e nós chegamos ao segundo turno. Agora é uma eleição mais equilibrada e com o mesmo tempo de televisão. Isso nos dará a oportunidade de a gente debater melhor a cidade e apresentar melhor nossas ideias e propostas para o Recife.
JC - O senhor sempre esteve na base de Eduardo Campos. Em 2012, estava na coligação de Geraldo Julio. Mas hoje está na oposição criticando o candidato que ajudou a eleger. O senhor sente alguma contradição?
SILVIO - Quem mudou de posição foi o PSB. Pernambuco sabe da nossa ligação com o senador Armando Monteiro Neto (PTB). Desde 2006 nós estamos apoiando o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma. Nós continuamos no mesmo campo no nosso Estado, que é o campo de esquerda. Quem saiu do nosso campo foi o PSB, quando em 2014 resolveu lançar candidato a presidente da República e se aliou ao PSDB e ao DEM nacionalmente, que hoje apoia o presidente Michel Temer. Nós continuamos na mesma direção e no mesmo campo político, que é o nosso campo aqui no Estado. Nós continuamos ao lado de João Paulo, do PT, do senador Armando, do PTB. Ou seja, a gente forma essa aliança que ela vem de 2006, 2008, 2010, 2012 e em 2014 o PSB mudou de direção.
JC - Então não teria uma contradição em estar no lado oposto que ajudou a eleger em 2012?
SILVIO - Não, porque a nossa posição permanece a mesma. Desde 2006, a gente continua com a mesma posição. A avaliação que eu faço é que quem mudou de posição foi o PSB, que se aliou ao DEM, ao PSDB e ao PMDB de Temer.
JC - Com relação às denúncias dos shows fantasmas, o senhor considera que, se forem usadas pelos adversários, poderão interferir na campanha?
SILVIO - Não acredito. Primeiro, esse processo da Empetur, eu fui absolvido no Tribunal de Contas, foram arquivados. Não há nada que impute responsabilidade a mim. Até a multa foi retirada, tirando qualquer responsabilização. Na Secretaria de Turismo, eu tive o período de 2007 a 2009, quando fui secretário, as minhas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado por unanimidade em todos os meus convênios. Não há nada que desabone a nossa gestão. Pelo contrário. Na hora daquela acusação, eu pedi para sair e fui à Polícia Federal e ao Ministério Público Estadual pedir que investigasse aquele processo.
JC - O senhor passou de vice-líder do governo de Eduardo Campos para líder da oposição de Paulo Câmara. Como foi essa transição política?
SILVIO - A minha transição foi natural. Na hora que Armando Monteiro saiu do governo em 2013, nós entregamos o cargo. Na mesma noite eu liguei para Tadeu Alencar (ex-secretário da Casa Civil) e entreguei a vice-liderança do governo e acompanhei Armando. Foi um posicionamento político. Foi uma coisa natural. Eu assumi a vice-liderança em 2011, a pedido de Eduardo, ao lado de Isaltino (Nascimento). Quando Armando deixou, eu assumi minha postura independente na Assembleia e depois de dois anos eu fui convidado pelo nosso campo na Assembleia para ser o líder da oposição. Nosso estilo é uma oposição do diálogo, respeitosa, propositiva. Não se vê da minha parte radicalismo. O cronograma está aí. Não foi 'acabou o governo em dezembro e dia primeiro eu era oposição'. Teve um reposicionamento do campo político. Passei dois anos com a independência, ao lado de Armando. Depois que as urnas nos colocaram na oposição, Armando perdeu a eleição, eu fui convidado à época por 14 deputados estaduais a ser o líder da oposição. Estamos cumprindo o nosso papel, reconhecendo o que avançou e cobrando aquilo que houve descontinuidade, a exemplo do Pacto pela Vida, que houve claramente descontinuidade de uma política pública que vinha dando certo.