A candidata a vereadora de Santa Cruz da Baixa Verde, Maria Geni do Nascimento (PDT), 56, que virou notícia por ter declarado à Justiça Eleitoral o recebimento de uma doação de R$ 75 milhões, apresentou nesta quarta (19/10), ao representante do Ministério Público, na região, informações e documentos retificando o valor. Na verdade, a agricultora recebeu R$ 750,00 de um vizinho, também agricultor e universitário, que somou colaborações da comunidade.
“Não tinha dinheiro, entrei com a cara e a coragem. Num lugar desse ninguém tem condições de ter um dinheiro desse”, disse Geni, em entrevista à equipe da TV Jornal de Caruaru, que se deslocou até o Sítio Mundo Novo, onde ela e o doador residem, na Zona Rural de Santa Cruz da Baixa Verde, a mais de 400 quilômetros do Recife.
Geni, o doador e um representante da coligação que deu sustentação à candidatura dela foram ouvidos ontem pelo promotor eleitoral Guilherme Graciliano Lima, da 67ª Zona Eleitoral, em Triunfo, que abrange as duas cidades. Ele abriu procedimento investigativo para esclarecer a história, uma vez que o gasto total em campanha de candidato a vereador para aquela cidade não poderia ultrapassar pouco mais de R$ 10 mil. Além do mais, o caso também chamou a atenção pelas condições sociais do doador, um estudante da Unidade Acadêmica da Universidade Federal Rural em Serra Talhada, usuário de programa assistencial.
“Fiz a doação de boa vontade”, confirmou o estudante à reportagem da TV Jornal de Caruaru. O dinheiro teria sido usado para pagar carregadores de bandeiras, entre outros gastos. Na comunidade, Geni é reconhecida como uma mulher simples. Na reportagem, pessoas ouvidas disseram confiar na versão apresentada por ela.
Antônio Santos, que se apresentou como advogado da candidata – ela só teve 13 votos – disse à TV Jornal que irá buscar reparação pelos danos causados à imagem de Geni, pela exposição que ela sofreu.
O promotor Guilherme Graciliano informou que, mesmo com a documentação apresentada e os depoimentos, as investigações vão continuar. Ele aguarda informações do cartório eleitoral e da Secretaria de Assistência Social do Município. Segundo o promotor, o representante da coligação assumiu a culpa pela digitação do valor errado. O Tribunal Regional Eleitoral informou que é de responsabilidade dos candidatos o preenchimento dos dados. A prestação de contas para quem participou do primeiro turno termina no próximo dia 1º de novembro.