Irmão de Eduardo Campos elogia ACM Neto e critica parte do PSB

Candidato a prefeito de Olinda, Antônio Campos diz que para alguns dirigentes do partido sua vitória não interessa
Franco Benites
Publicado em 25/10/2016 às 14:55
Candidato a prefeito de Olinda, Antônio Campos diz que para alguns dirigentes do partido sua vitória não interessa Foto: Guga Morais/Divulgação


Neto do ex-governador Miguel Arraes, filho da ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes e irmão de Eduardo Campos. Essas referências, em tese, poderiam catapultar o advogado Antônio Campos como um dos principais candidatos do PSB na eleição municipal deste ano. No entanto, não é isso que ocorre na prática. Nesta terça-feira, o candidato a prefeito de Olinda reclamou de um certo desprestígio com a cúpula do partido no Estado.

"Muitas forças não querem deixar surgir uma nova liderança em Pernambuco que preserve um legado político e que vai ter voz em Olinda e em Pernambuco. Não interessa a algumas forças, inclusive dentro do PSB estadual, a nossa vitória em Olinda. Não são todas as forças, mas algumas pessoas", reclamou, sem, no entanto, citar o nome dos desafetos.

Para Antônio Campos, uma das principais referências administrativas é o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). "Meu modelo de foco é igual ao de ACM Neto. Fazer o dever de casa, equilíbrio fiscal, reduzir máquina pública. ACM Neto conseguiu duas proezas. Ser neto de ACM com os defeitos e qualidades que o avô tinha e se renovar como político, pegando os lados bons do avô e evitando os lados negativos. Fez uma gestão inovadora e por isso o povo de Salvador reconheceu o seu trabalho. Uma das minhas referências é o trabalho dele", afirma.

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Antônio Campos terminou o primeiro turno em Olinda à frente dos demais concorrentes, coordenando uma campanha por conta e risco próprios. O advogado não recebeu o apoio da família de Eduardo Campos. Renata Campos, viúva do ex-governador, e João Campos, um dos filhos do casal e atual chefe de gabinete do governador Paulo Câmara (PSB), não apareceram em Olinda embora tenham apoiado candidatos de outras cidades do interior e da Região Metropolitana do Recife. 

O atual governador só se incorporou à campanha no segundo turno, participando de uma caminhada em Olinda. Depois, não foi mais à cidade e nem deve passar por lá até o dia 30. Antônio Campos, no entanto, afirma que a ausência não será problemas.

"O governador fez o que combinou comigo. O que combinei com o governador foi uma ida dele a Olinda e ele fez. Fez um discurso muito firme, que faria os investimentos em Olinda na gestão 40. É um discurso muito claro. Ele cumpriu. Eu não pedi uma volta do governador, não combinei campanha de rua. Ele não está devedor. O governador já esteve em Olinda e já se posicionou.", explica.

Além de governar Pernambuco, Paulo Câmara é vice-presidente nacional do PSB e tem o nome apontado, nos bastidores, como um candidato natural para assumir o partido em 2017 no lugar do pernambucano Carlos Siqueira. O atual presidente ficou com o posto em um entendimento interno dos socialistas após a morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo em agosto de 2014 em Santos, no litoral de São Paulo.

No que depender de Antônio Campos, no entanto, Carlos Siqueira seguirá como presidente nacional do partido. "Sou presidente da Comissão Nacional de Ética e sou filiado ao PSB há mais de 15 anos. O PSB não foi criado por meu avõ, mas ele e Eduardo trabalharam muito pelo partido. Minha posição é pela recondução de Carlos Siqueira e trabalharei para isso", enfatiza.

Recentemente, Antônio Campos já se denominou como um aliado crítico de Paulo Câmara. Ele declarou que vai ter uma boa relação com o governador de Pernambuco, mas já adianta as cobranças que fará, sobretudo nas áreas de Segurança Pública e Infraestrutura Hídrica. 

"Tenho relação respeitosa com o governador. Vou me relacionar politicamente com ele. Olinda tem o menor contingente da PM proporcional. Quero mais para PM em Olinda. Falta água nos morros, falta água em baixo também. Quando tem um vazamento de cano, é três, quatro, cinco dias (sem água). O trabalho da Compesa para com Olinda está em falta", adverte.

APOIOS

Entre os apoios a Antônio Campos, os mais expressivos são de fora do PSB e de Olinda. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB) divulgaram mensagens reforçando que o irmão de Eduardo é o melhor nome para administrar Olinda. No caso do ministro e de Alckmin, a adesão foi marcada com a gravação de um vídeo.

O irmão de Eduardo também destaca a boa relação com o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e com o presidente Michel Temer (PMDB). "Sou amigo pessoal de Temer. Tenho Bruno Araújo e Mendonça no meu palanque", diz. Apesar disso, ele garante não apoiar a PEC 241. "Sou contra a PEC. O formato da PEC é excessivo e poderia ser diferente".

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