Considerada uma das obras mais emblemáticas para o Nordeste, a Transposição do Rio São Francisco é motivo de mais uma disputa entre governo e oposição. Enquanto presidente Michel Temer (PMBD) estará na Paraíba neste sábado para conferir de perto mais um trecho da obra, o ex-presidente Lula (PT) programa uma caravana pela região no fim do mês para reforçar a “paternidade” do projeto. Correndo por fora, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para eleição presidencial de 2018, a exemplo do petista e do peemedebista, também tenta ligar sua imagem à Transposição.
Na avaliação do cientista político e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Túlio Velho Barreto, essa movimentação política em torno da Transposição não surpreende. “A Transposição uma obra grandiosa e tem repercussão sobre grande parte do Nordeste, sorebtudo no semiárido, que é carente de recursos hídricos. Ela atinge um eleitorado numero e muito carente de assistência e de apoio”, avalia.
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O cientista político e professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Gilbergues Santos, diz que a Transposição é fundamental para o Nordeste, mas condena o que chama de “disputa por corações e mentes” entre os políticos. “Todo mundo quer ser o pai da criança. A importância histórica e política da obra está sendo reduzida a uma conjuntura eleitoral. Quantas caravanas vamos ter na região da Transposição? Como as obras vão aparecer nos guias eleitorais do futuro próximo?”, questiona.
Para Elton Gomes, cientista político e professor das faculdades Damas e Estácio, a Transposição é só mais um exemplo das articulações políticas passíveis de ocorrer quando uma disputa eleitoral se aproxima. “Esse é um fenômeno recorrente na administração pública. Sucessivas vezes tivemos na história política brasileira a tentativa de clamar para si os louros de uma obra estrutural e importante”, aponta.
O senador Humberto Costa (PT) defende que Lula faça uma caravana pelo Nordeste para ressaltar que foi ele que iniciou as obras da Transposição. “Ele vem ao Nordeste para alguma coisa relativa à Transposição, mas ainda não definiu a data. Tudo indica que seja até o final do mês”, diz.
De acordo com o senador, Temer e Alckmin têm tentado se aproveitar da Transposição. O governador de São Paulo rebateu Humberto e diz que a vistoria que o tucano fez ao projeto recentemente é justificável uma vez que o governo paulista emprestou quatro conjuntos de moto-bombas ao Ministério da Integração Nacional para serem usados no Sertão.
“Essas bombas foram responsáveis por antecipar em cerca de 45 dias a chegada da água a municípios afetados pela seca. Quem deve se apropriar da Transposição do São Francisco é a população nordestina, que ganha com a entrega dessa obra pelo governo federal”, informou a nota enviada pela assessoria de Alckmin ao JC.
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