Apesar do apelo dos 2.008 aprovados na maioria das etapas dos concursos das polícias civil e científica, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco resolveu acatar recomendação da Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital para refazer o teste psicotécnico. Um novo cronograma da seleção iniciada em meados de 2016 deve ser definido nesta quinta-feira (16/3), em reunião da SDS, Secretaria de Administração e Procuradoria Geral do Estado com o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe/Cespe), responsável pela aplicação dos testes.
A ideia do Estado é manter os resultados dos exames médicos e da investigação social, atualmente em curso, embora o MPPE tenha pedido para suspender a avaliação psicológica e todas as etapas posteriores. Devem ser novamente convocados para o psicotécnico mais de 2.500 candidatos. A seleção, que prevê 900 vagas para delegados, agentes, peritos e escrivães, entre outros cargos, foi questionada por candidatos que receberam o caderno da prova psicológica riscado, marcado ou rasurado. O fato ocorreu em seis das 76 salas, de acordo com informações prestadas à Procuradoria.
“Por que os candidatos que receberam os cadernos rabiscados não pediram a substituição do material no dia da prova?”, questiona Thiago Magalhães, da comissão de aprovados. Segundo ele, as respostas foram anotadas em outro papel e as rasuras nos cadernos onde estavam as questões não comprometeram a segurança. Os aprovados nas primeiras etapas dizem estar sendo prejudicados pela medida. “Vai retardar as nomeações num momento em que sociedade espera o reforço das equipes da SDS e causar prejuízo aos aprovados”, afirmou. Eles alegam que chegam a pagar pelo exame médico.
A comissão procurou o Ministério Público, a SDS e o apoio do deputado estadual Sílvio Costa Filho (PRB), líder da oposição. Uma carta, listando as razões da luta pela permanência dos atuais resultados, deve ser encaminhada à Procuradoria Geral do Estado. Além de alegar que as tais rasuras ocorreram em poucos cadernos de provas, eles listam os prejuízos com a anulação do psicotécnico. Leia trechos:
“Os candidatos considerados aptos procederam de forma lícita, seguindo o procedimento correto mencionado pelas psicólogas, sendo aprovados nos referidos exames, e os mesmos não devem ser prejudicados por argumentos que não justificam a reprovação de alguns candidatos, nem com base numa hipótese não comprovada de que alguém pode ter se beneficiado de marcações em cadernos de respostas. Diante disso, a anulação da avaliação psicológica e das fases seguintes fere o direito de muitos candidatos, que realizaram todas as fases de forma lícita e se mostraram aptos para o exercício da função diante de vários exames intelectuais, psicológicos, físicos e de saúde. "
"A necessidade de refazer as fases subsequentes à avaliação psicológica também não é razoável, gerando dano material e moral, pois os candidatos terão que arcar com todo o valor referente a exames caríssimo, os quais os planos de saúde não irão autorizar dentro desse prazo, bem como dano a saúde, principalmente em se tratando de exposição excessiva a radiação, além de não haver tempo hábil para a realização de todos os exames, incluindo o exame toxicológico, um exame extremamente caro e que necessita de uma contraprova no EUA, o que também atrasaria o certame como um todo, além do abalo psicológico que é impossível mensurar."
"Como se assim não fosse, é cediço que na fase de exames médicos, diversos candidatos necessitaram realizar exames complementares, e arcaram com esse custo, bem como deslocamento para a realização, candidatos estes que arcaram com custos acima dos R$ 5.000,00 (cinco mil reais), sem considerar os exames complementares que a banca organizadora pediu a alguns e que passaram um pouco dos R$ 500,00. Sem ainda considerar o transtorno psicológico”.