A oposição não poupou as palavras para se referir a denúncia do deputado Edilson Silva (PSOL) de que empenhos liquidados da ordem de R$ 2,88 bilhões foram cancelados pelo governo do Estado em 2015, o que ele chama de "pedaladas fiscais". Líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB) afirmou que, se comprovada, a manobra pode representar "crime de responsabilidade".
"É uma denúncia de uma gravidade enorme. Estamos falando de crime de responsabilidade da mesma forma que foi imputado a ex-presidente Dilma Rousseff", afirmou. "Desde o ano passado temos a jurisprudência de que pedaladas fiscais são crime de responsabilidade", completou no mesmo discurso.
A fala é sintomática. No último dia 19, quando veio à tona a delação do diretor da JBS Ricardo Saud, que acusa Paulo Câmara de ter recebido dinheiro na campanha de 2014 e negociar "propina" paga ao PSB, Silvio foi o oposicionista a adotar tom maus cauteloso e ameno. O governador, vale ressaltar, nega o recebimento de qualquer recurso da JBS.
A crise política em que o caso JBS colocou o governador parece ter dado asas à oposição. Edilson Silva, por exemplo, já trabalhava na análise dos empenhos do Estado. Apressou o ritmo para aproveitar o momento de fragilidade do governo. No plenário da Alepe, deputados governistas o ouviram acusar Paulo Câmara em um silêncio que calou conversas paralelas e as tradicionais consultas ao celular.
Líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB) garantiu que não houve "pedaladas fiscais". Teceu inumeros elogios ao governador como um bom gestor e um servidor público de carreira. Disse não saber de onde foram tirados os dados usados no levantamento - que Edilson diz ter saído do portal eletrônico do Tribunal de Contas do Estado - e garantiu que todos os restos a pagar de 2015 (um montante de R$ 1 bilhão) já foram quitados.
Ao JC, após a sessão, ele garantiu, com base em informações lhe passadas pela Secretaria da Fazenda, que não houve nenhum empenho liquidado cancelado no ano de 2015.