Reduzir burocracia é principal desafio do governo, dizem empreendedores

Aqueles que conseguiram abrir o próprio negócio se queixam da dificuldade e lentidão para conseguir tirar plano do papel
Mariana Araújo
Publicado em 06/08/2017 às 8:15
Foto: NE10


A necessidade de incluir o empreendedorismo na pauta política das próximas eleições foi apontada por empresários entrevistados pela reportagem. Um dos pontos principais é a redução da burocracia. Alan Cavalcanti, que está à frente do Malakoff Café, cafeteria aberta há dois anos e quatro meses no Recife, disse que adiou em quatro meses a abertura da primeira unidade. Sócio da esposa, ele contou que o casal se preparou para reduzir o trabalho formal e se dedicar ao negócio. "Até hoje sentimos o reflexo disso. Gastamos um recurso inicial para gerir o negócio e diminuímos os investimentos", relatou.

Para ele, é preciso que a agenda política tenha uma aproximação com os pequenos empresários para que entenda melhor as demandas. "Chamaria a atenção um candidato que colocasse isso na pauta. A economia é impulsionada pelos pequenos negócios. A gente tem leis até bem definidas, mas falta conectividade entre os órgãos, até mesmo entre funcionários de um mesmo órgão. Não existe uma padronização de procedimentos", disse Alan.

Mapa do Empreendedorismo divulgado pelo GEM -
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O Malakoff Café enfrenta o período de crise, mas conseguiu atravessar a turbulência e crescer. A cafeteria nasceu no bairro do Prado e há um ano abriu sua segunda unidade no Paço do Frevo, no Recife Antigo. Juntas, as lojas empregam 12 pessoas. Os planos de expansão se voltam agora para o setor de franquias.

O negócio integra uma rede de cafeterias que se uniram para fazer o festival Recife Coffee, que chegou ao seu segundo ano reunindo empresas inicialmente concorrentes e oferecendo produtos diferenciados. Para implantar, eles buscaram o Sebrae para elaborar um modelo de gestão. "É um projeto que pode ser expandido e pode ajudar a rever a questão da concorrência. Já que havia essa troca de clientes, por que não estimular?", questiona.

Alberto Borges uniu a saída da empresa onde trabalhava com o plano de montar uma consultoria de gestão e planejamento de recursos humanos. Tirou o projeto da Lumi do papel neste ano e enfrentou sete meses de idas e vindas em órgãos públicos para legalizar seu negócio.

"O empreendedorismo precisa entrar na pauta política porque vivemos um momento de desaquecimento da economia. O problema não é cumprir as exigências legais e burocráticas, mas ser colocado diante de tantos pontos adversos. Isso tira tempo, tira ânimo e até mantém muita gente na informalidade. É preciso ter um esforço político para criar uma câmara de empreendedorismo, abrir caminho para quem quer contribuir para a economia, gerar empregos e divisas", opinou.

CAGED

Em junho, um levantamento feito pelo Sebrae com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostrou que os pequenos negócios abriram 35,8 mil novos postos de trabalho no Brasil, 14,4% a mais que maio. As médias e grandes empresas fecharam 26,7 mil vagas, segundo o mesmo levantamento.

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