Num momento em que o governador Paulo Câmara (PSB) assinou uma carta junto com outros governadores do Nordeste pedindo ao governo federal a não-privatização da Chesf, o socialista declarou que aguarda o resultado de um estudo para definir se privatiza ou não a Copergás. No final de julho, o BNDES divulgou um edital para a contratação de consultorias para realizar o estudo de estruturação e implementação da venda de ativos da empresa. Segundo Paulo Câmara, o momento é de esperar a crise econômica passar para avaliar a possibilidade da empresa de gás pernambucana.
“Temos que ter a consciência que privatizar pode ocorrer. Já ocorreu em muitos momentos das décadas recentes. Algumas foram muito importantes. Outras eu entendo que poderiam ser melhor feitas. Eu acho que o momento agora é de ter muita serenidade. Não podemos vender patrimônio público apenas para tapar rombo”, disse o governador, ontem, após agenda no Palácio do Campo das Princesas.
Ainda de acordo com o socialista, caso seja vendida hoje, o governo perderia recursos com a transação. “Mais na frente, quando os estudos estiverem prontos, a gente vai analisar qual o melhor caminho para o futuro. Mas, com certeza, não será em um momento de crise como este. Porque crise não é o momento certo de vender ativos, nem de buscar alternativas para essas questões”, acrescentou.
Segundo o vice-governador Raul Henry (PMDB), secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, o cronograma do termo firmado com o BNDES prevê que, se houver todos os indicativos positivos e a privatização da Copergás seja aprovada, a operação ocorreria no final do próximo ano. No momento, porém, não há definição sobre a entrega da companhia para a iniciativa privada. Se isso ocorrer, porém, a venda seria executada pelo próprio banco federal.
“Nós estamos levantando números para não estar apresentando coisas improvisadamente. O que o BNDES está fazendo é um estudo sobre as vantagens e desvantagens de privatizar a Copergás”, explica Henry. Ele descartou, porém, outros modelos como opções para a estatal, como uma Parceria Público-Privada (PPP). “Ou é vender as ações do Estado, ou não vender. Ou vender parte. Isso é o estudo que vai responder”, cravou.
Para o vice-governador, não é contraditório criticar a venda da Chesf e conduzir a privatização da Copergás. “Essa discussão não é única: ou você é contra ou a favor da privatização. O governo Fernando Henrique privatizou a telefonia e foi muito bom para o País. Privatizou a ferrovia e foi muito ruim. Cada caso é um caso. Pessoalmente, defendo que o Estado fique onde é estratégico a presença do Estado”, argumenta.