Após o encontro entre o governador Paulo Câmara (PSB) e o ex-presidente Lula (PT) em São Paulo, na última semana, se consolidou no PT a ideia de que a Direção Nacional da sigla deve emitir uma orientação favorável a uma aliança com o PSB. Uma reunião fechada da cúpula do PT local no domingo tentou aparar as arestas internas para evitar “processos traumáticos” e costurou com o grupo que defende candidatura própria que não se deve bater de frente com a Nacional, já que a prioridade é o apoio ao ex-presidente Lula (PT), mas tentar construir um diálogo que leve em consideração o interesse local.
Os segmentos do PT que admitem a possibilidade de uma aliança com o PSB dão como certo que a orientação da Nacional virá. A dúvida é quando. O calendário interno do partido prevê que filiados têm até o final desta semana para sugerir o apoio da agremiação a um candidato de outro partido. Com o cenário nacional conturbado, porém, a quem argumente que a orientação do PT Nacional pode ocorrer após o dia 23.
“Esse prazo não é prescritivo. Se algum fato novo se der no plano nacional, nos diálogos de Lula, de Gleisi (Hoffmann, presidente nacional do PT) e da Nacional, eles vão colocar para nós e nós vamos avaliar juntos”, afirmou ontem Bruno Ribeiro, presidente do PT-PE. “Nós já tivemos diversas reuniões do diretório estadual que reafirmaram a candidatura própria e a oposição ao governo do PSB. Eu acho muito pouco provável que um conjunto de filiados apresente qualquer proposta de aliança. Evidente que essa eleição está muito vinculada à candidatura de Lula. E o PT é um partido nacional. Mesmo que nenhum filiado nosso apresente a proposta de qualquer aliança, se no decorrer desses entendimentos que Lula e Gleisi têm feito surgir a hipótese de aliança, nós vamos ouvir as razões e conversar com a Nacional”, projeta.
O encontro foi o primeiro a reunir as principais lideranças do PT e de entidades ligadas ao partido, como CUT e Fetape, após o encontro de Paulo com Lula e o almoço do governador com o ex-prefeito do Recife João Paulo (PT), que o PSB espera ter como vice. Entre os presentes, há quem viu o clima de “falas acaloradas”. A reunião durou cerca de três horas. O senador Humberto Costa e o ex-prefeito do Recife João Paulo saíram antes do final.