Depois de ter seu nome preterido como candidato à Presidência da República pelo PPS por uma aliança do partido a Geraldo Alckmin (PSDB), o senador Cristovam Buarque (PPS) fez críticas ao presidente nacional, o deputado federal Roberto Freire, sobre a forma como está conduzindo questões internas da sigla, como a escolha anterior do apresentador Luciano Hulk para a disputa presidencial e até a mudança do nome para Movimento 23.
"Roberto Freire vem do PCB, criou o PPS, é presidente desde quase o inicio. Ele incorporou tanto o PPS, que ele não sente necessidade de debater antes com o conjunto do partido as decisões que vai tomar, por exemplo, quando ele decidiu que Hulk seria o melhor nome para disputar a Presidência, que eu saiba não discutiu com ninguém", afirmou o senador em entrevista ao programa Passando a Limpo da Rádio Jornal, nesta terça-feira (27).
O PPS aprovou no seu congresso realizado neste domingo (25), em São Paulo, um "indicativo de apoio" ao governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas que só deve ser formalizado em julho. Roberto Freire foi reconduzido à Presidência nacional do PPS no Congresso, cargo que ocupa há 26 anos. A mudança do nome para "Movimento 23" é fruto de um projeto de reestruturação do partido, que incluiu a entrada dos movimentos democráticos como o o Livres, que saiu em bloco do PSL após a filiação do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro, o "Renova" e o "Agora!", referendada também no congresso. Cabe ainda ao diretório nacional aprovar a mudança definitiva do nome.
Roberto Freire foi o pivô das divergências no PPS de Pernambuco que ocasionou a debandada da cúpula do partido, encabeçada pela saída do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, acompanhado do presidente estadual, Manoel Carlos e do presidente do PPS em Recife, Felipe Ferreira Lima. Freire determinou que o Congresso Estadual, marcado para o último sábado (17) fosse adiado, por conta da iminente entrada de filiados, incluindo principalmente o deputado federal Daniel Coelho. O veto de delegados indicados pelo PPS-PE para participar do Congresso Nacional do partido foi o estopim para a saída do grupo de Jungmann.
Cristovam pregou um debate maior das as alianças nos estados e citou casos em que houve "intervenção" da direção nacional, como em Roraima, Bahia e Mato Grosso. "Eu fiquei muito triste com a saída dele, ao mesmo tempo com a intervenção da direção nacional do PPS está criando problemas em outros estados também. Isso não é um bom caminho, eu lamento muito a saída do Jungmann, mas recebo de braços abertos a entrada do deputado Daniel Coelho".