Ministro de Minas e Energia do governo de Michel Temer durante a implantação da nova política de preços da Petrobras, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE) lamentou, nesta segunda-feira (11), a saída de Pedro Parente da presidência da empresa. "É um grande profissional e teve grande trabalho à frente da empresa e a gente espera que as coisas possam voltar ao normal, o Ivan Monteiro (novo presidente da Petrobras) é uma pessoa muito capaz e os servidores vão continuar trabalhando para defender interesses da empresa", comentou.
A greve dos caminhoneiros, atraiu a atenção para a política de preços da estatal que fez elevar diariamente o preço dos combustíveis no Brasil e culminou no pedido de demissão de Pedro Parente. Na carta de demissão que ele entregou diretamente ao presidente Michel Temer, Parente avaliou que teve nesses dois anos total apoio do governo e do Conselho de Administração da Empresa para implementar as medidas necessárias para recuperar a Petrobras.
Nas últimas semanas, o próprio Fernando Filho chegou a ser responsabilizado por estar à frente da pasta de Minas e Energia durante a implantação. Mas ele afirma que as críticas são de cunho político. "Recebo as críticas com naturalidade, tem componente político muito grande, a gente sabe de onde parte e com que intuito. Quando se falava em recuperar a empresa ninguém enaltecia isso", destacou.
Ainda assim, Fernando admitiu que a volatilidade por conta das eleições deste ano e a crescente no preço do petróleo geraram sucessivos reajustes no preço dos combustíveis. "Acho que a gente tem uma política de preços que fez bem à empresa, acho que poderia ter sido negociado a periodicidade desses reajustes, mas não interferir na forma como a empresa define seu preço. Todo mundo quer uma Petrobras sadia, que possa investir e gerar emprego", comentou.
Pedro Parente estava no comando da Petrobras desde maio de 2016, escolhido por Temer logo após a saída de Dilma Rousseff. Tudo para marcar uma nova gestão alinhada aos standards de mercado depois de um período de forte intervenção estatal, inclusive no preço dos combustíveis, e o escândalo da Operação Lava Jato. Ele, inclusive, comemorava que a empresa, que tem controle acionário estatal, mas também acionistas privados, havia voltado a ser a companhia mais valiosa do Brasil.
Desde julho de 2017, a Petrobras começou a cobrar pelo diesel e gasolina de acordo com a oscilação do mercado internacional de petróleo e do dólar. Com reajustes que pudiam ser diários, esta versão de reajuste tem a cotação internacional como referência. As mudanças constantes causavam desconforto por conta da escalada do preço do gás, que penalizava especialmente os mais pobres. Entre a abril e maio, com a instabilidade em grandes países produtores, como Irã e Venezuela, o barril do petróleo foi de 68 dólares a mais de 80 dólares em semanas. Só no último mês houve mais de uma dezena de flutuação de preços, exibindo a exposição do mercado interno às bruscas oscilações globais. Aí veio a crise dos caminhoneiros.