Cerca de um ano após iniciar uma verdadeira cruzada para afastar o grupo do deputado federal Jarbas Vasconcelos do comando do MDB-PE, o senador Romero Jucá, presidente nacional da sigla, destinou R$ 2 milhões para a campanha do correligionário ao Senado. O montante é o mesmo que o próprio Jucá recebeu do partido para financiar seu projeto de reeleição e fica atrás apenas do valor cooptado pelo atual presidente da Casa Alta, Eunício Oliveira: R$ 3,3 milhões.
O repasse causa estranheza a quem vem acompanhando a história recente do MDB pernambucano. Desde o retorno do senador Fernando Bezerra Coelho ao partido, em 6 de setembro de 2017, Jucá e Jarbas trocam acusações e se enfrentam em uma batalha judicial que já passou pela Justiça estadual, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e agora aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Jucá defende que o partido seja comandado por FBC, enquanto Jarbas, que ele continue sob a presidência do vice-governador Raul Henry, seu aliado. De acordo com a assessoria de imprensa de Jucá, o gesto do emedebista não deve ser entendido como uma desistência do senador sobre a disputa em torno do diretório pernambucano e que a liberação de recursos “foi decidida pela Executiva Nacional e levou em consideração critérios objetivos”. FBC, por sua vez, afirmou que a decisão de Jucá “demonstra seriedade e imparcialidade por parte do presidente nacional do MDB”.
Apesar dos altos e baixos pelos quais passou no período, FBC avalia positivamente o primeiro ano da sua volta ao MDB. Segundo o senador, sua entrada na Frente das Oposições de Pernambuco, a qual tinha a intenção de encabeçar, foi o ponto alto dessa fase. Ao falar sobre a luta pelo comando do partido, o parlamentar afirma que segue aguardando decisão do STF.
“Outras instâncias da Justiça – inclusive o TSE – entenderam que esta questão é interna corporis e cabe à Executiva Nacional do partido tomar as devidas decisões. Mas, aguardamos, respeitosamente, o posicionamento do STF”, declarou FBC.
Advogado de Raul e Jarbas, Carlos Neves considera que, mesmo considerando os percalços pelos quais seus clientes passaram, o saldo do último ano pode ser considerado positivo para eles. “O MDB de Pernambuco resistiu ao longo de um ano a essa brutalidade (tentativa de dissolução) e chega ao período eleitoral em êxito. Lógico que o partido perdeu. Perde todo mundo. O MDB perdeu pessoas que iriam concorrer por ele, Fernando Bezerra não trouxe as pessoas que prometeu trazer, ou seja, o partido não ganhou com essa disputa. Mas, sem dúvida, a resistência justa foi feita”, pontuou.
Jarbas e Raul foram procurados, mas preferiram não comentar o tema.