'Paulo Câmara, pague o que deve ao metrô para falar do assunto', diz Daniel Coelho

Segundo Daniel Coelho, Paulo Câmara e João Campos ''só podem estar se fazendo de doidos''. Entenda
Cássio Oliveira
Publicado em 19/02/2020 às 15:10
Metroviários argumentam que os problemas no sistema de sinalização são comuns e nada é feito para resolver o problema Foto: Foto: Bruno Campos/JC Imagem


O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) criticou, nesta quarta-feira (19), as declarações do governador Paulo Câmara (PSB) e do também deputado federal João Campos (PSB) sobre o acidente no metrô do Recife. Segundo Daniel, os políticos do PSB estão fazendo 'demagogia' com o assunto.

"É impressionante a demagogia do PSB, do governador Paulo Câmara, do candidato dele João Campos sobre o metrô do Recife. A situação do metrô é uma vergonha, de abandono, um serviço de péssima qualidade e isso tem de ser cobrado. É papel de todos nós e a sociedade tem que ficar altiva sobre esse assunto. Mas não dá para aceitar que o PSB, a gestão deles, esteja devendo R$ 100 milhões ao metrô do Recife de dinheiro que foi arrecadado da passagem do povo e ainda queira fazer demagogia em cima", afirmou Daniel em vídeo publicado em suas redes sociais.

Veja também: Nunca antes na história do Metrô do Recife

Veja também: Quatro vítimas do acidente do metrô do Recife ainda estão internadas

Na terça-feira (18), Paulo Câmara afirmou que vai procurar o novo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PSDB-RN) para cobrar um posicionamento da União sobre a colisão entre dois trens que ocorreu registrada na estação Ipiranga da linha Centro do modal e deixou dezenas de pessoas feridas.

"A gente não pode trabalhar com improviso numa ação e num transporte que envolve tantas pessoas. Estamos fazendo um investimento e uma busca muito grandes para melhorar o serviço de ônibus, que é de responsabilidade do Estado, e vamos exigir que o governo federal também cumpra a sua obrigação em relação ao metrô, porque esse é um tema que também envolve mais de um milhão de pessoas diariamente que circulam de ônibus e metrô e precisam ter um tratamento digno por parte dos governantes", afirmou o governador, lembrando que o Procon e a procuradoria do Estado foram autorizados a investigar o caso.

Para Daniel Coelho, o problema está no fato de o Estado, segundo ele, dever dinheiro ao metrô. "Ninguém quer isentar a responsabilidade que cada um tem nesse processo e principalmente o governo federal, mas não posso aceitar que quem está devendo R$ 100 milhões à empresa faça demagogia barata sobre esse assunto. Paulo Câmara, pague o que deve ao metrô para poder falar do assunto", afirmou o deputado.

Há na Justiça, hoje,  uma ação para que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) regularize os repasses dos valores referentes à arrecadação do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM). Por conta das integrações entre os terminais e as estações, a bilhetagem eletrônica deveria ser objeto de uma partilha tarifária entre ônibus e metrô, mas há um passivo até 2017 que precisa ser pago à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Daniel Coelho é pré-candidato a prefeito do Recife e deve disputar contra João Campos nas eleições de 2020.

PSB e PT cobram respostas

O deputado federal João Campos (PSB) protocolou um pedido de informação sobre a situação do metrô do Recife e o vereador João da Costa (PT) convocará audiência pública para tratar do tema.

João, nesta quarta-feira (19), protocolou um pedido de informação na Câmara dos Deputados para que o governo Jair Bolsonaro responda questões como as justificativas técnicas que comprovam os aumentos da tarifa do metrô e qual a despesa do governo federal com o Metrorec, entre outros pontos.

Era para ser um dia normal. Mas, para os passageiros do metrô do Recife, o que deveria ser uma exceção, virou regra. Na manhã desta terça-feira (18), o cenário dos frequentes transtornos com trens quebrados, estações fechadas e falhas nos mais diversos setores, deu lugar ao pânico, correria, usuários feridos, ambulâncias e paralisação da Linha Centro, afetando cerca de 250 mil pessoas. Isto aconteceu devido ao choque entre dois trens, na estação Ipiranga, que fica no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife. O caso ocorreu por volta das 5h40 e pelo menos 62 passageiros precisaram ser socorridos.

Até o momento, não foram divulgadas as causas do acidente e a operação só foi normalizada às 19h dessa terça. Segundo testemunhas, os dois trens seguiam em direção à Estação Recife. Um deles, que veio do ramal Camaragibe, estava parado na plataforma. O outro, do ramal Jaboatão, acabou colidindo na traseira do primeiro. Passageiros ficaram feridos. Alguns chegaram a cair dentro das composições e a desmaiar, devido ao tumulto. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionadas. Aproximadamente 30 pessoas foram socorridas pelos Bombeiros, enquanto 37 foram pelo Samu, que enviou onze viaturas ao local.

As vítimas foram encaminhadas para a UPA da Imbiribeira, UPA da Caxangá, Hospital da Restauração, UPA do Curado, UPA do Ibura, Policlínica Agamenon Magalhães (duas pelo Samu e quatro por demanda espontânea) e duas para hospitais particulares. Muitos já receberam alta. A professora Joseana de Oliveira, de 51 anos, estava dentro do trem que seguia de Jaboatão para Recife no momento da colisão. Assustada, ela conta que a composição estava lotada.

Foto: Wellington Lima/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Estação Ipiranga, onde aconteceu o acidente que deixou mais de 60 feridos nesta terça-feira (18) - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça-feira (18) - Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
- Foto: Bruno Campos/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
- Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
- Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
- Foto: Wellington Lima/JC Imagem
Foto: Wellington Lima/JC Imagem
A colisão entre dois trens do Metrô do Recife aconteceu na manhã desta terça (18) - Foto: Wellington Lima/JC Imagem

"A minha sorte era que eu tava sentada. Ele estava muito lotado. Quando foi se aproximando da estação, sentimos aquele impacto e todo mundo caiu no chão. Quem estava em pé não teve equilíbrio. Ainda ajudei algumas pessoas a levantar e depois a gente desceu do metrô, abrimos a porta de emergência e viemos andando pela linha", conta a professora, que seguia para o seu trabalho, em Paulista, no Grande Recife. Ela declara que sofreu uma pancada no braço, mas não precisou ser socorrida. "Quando descemos foi que vimos a situação, que tinha sido muito grave. O que estava parado teve o maior estrago", afirma.

Segundo o gerente de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Salvino Gomes, os trens andam em uma velocidade média de 35 km/h, mas, ao se aproximar da estação, a velocidade pode reduzir para 10 a 15 km/h. Ele explica que o metrô possui sinalização, radiocomunicação, sistema de monitoramento, sensores e até bolsas de ar para minimizar o impacto em caso de colisão, como a que aconteceu. "O metrô roda na capital pernambucana há 35 anos e nunca um acidente desta magnitude aconteceu. Nós temos a Comissão de Prevenção de Acidentes, que já foi instaurada. Vamos apurar o que realmente aconteceu para dar detalhes", acrescentou.

Salvino diz que um laudo que pode revelar o que pode ter causado o acidente só deve ser divulgado em 30 dias. "É muito cedo para a gente dar detalhes. O sistema é todo seguro. A prioridade agora é acompanhar as famílias, ver quais foram as avarias ao sistema e voltar a circular. Existem 250 mil pessoas que utilizam a linha Centro". Os constantes problemas no metrô do Recife são alvo de reclamação dos usuários. Este mês, no dia 12 de fevereiro, um problema na sinalização de vias forçou os trens a trafegarem com velocidade reduzida. Dois dias antes, uma falha no sistema elétrico fez com que os passageiros andassem pelos trilhos. A CBTU, por meio da assessoria de imprensa, enviou uma nota sobre o caso. Confira a íntegra:

A CBTU lamenta o acidente ocorrido na data de hoje na Estação Ipiranga e se solidariza com os usuários. A empresa está acompanhando e prestará assistência a todos os envolvidos. Um Comitê de Crise foi instituído e a comissão interna de acidentes já está trabalhando na análise dos fatores que podem ter contribuído para tal ocorrência, que é inédita. O Metrô do Recife possui sistema eletrônico de monitoramento que garante a segurança de tráfego, o que tem sido eficaz durante os 35 anos de operação.

Em junho de 2012, os usuários do metrô do Recife tiveram uma manhã de susto e pânico após um trem bater na traseira de outro que seguia no mesmo sentido, de Camaragibe para o Recife. O caso aconteceu na estação Coqueiral, também na Zona Oeste do Recife. Três usuários ficaram levemente feridos e foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros na própria estação.

Problemas e aumento de passagem

Em janeiro, um problema na estação Joana Bezerra paralisou a operação das linhas Centro e Sul. Desde maio de 2019, as tarifas do metrô, que à época custavam R$ 1,60, têm sofrido reajustes. Isto porque a Justiça autorizou seis aumentos escalonados da passagem. No dia 5 de janeiro, o bilhete passou a custar R$ 3,70. O último aumento está previsto para o dia 7 de março, quando a tarifa chega a R$ 4,00. A dona de casa Rosane Amâncio, de 51 anos, mora no entorno da estação Ipiranga e foi ao local quando soube do choque entre os trens. "Tinha muita gente. Bombeiros, polícia. Muita gente ferida, o povo muito agoniado. Eu deixei de usar o metrô, uso ônibus agora, porque não posso pegar esta estação, é muito inseguro. Todo mundo da Vila dos Ferroviários já foi assaltado aqui", relata.

Privatização

O governo autorizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a contratar estudos para estruturação da concessão do serviço de transporte ferroviário de passageiros no Grande Recife e outras quatro cidades atendidas pela CBTU. A resolução, de dezembro de 2019, prevê a contratação dos estudos no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Esta foi mais uma etapa do caminho para a concessão do serviço à iniciativa privada. A CBTU, além do Recife, atua também em Belo Horizonte, João Pessoa, Natal e Maceió.

TAGS
paulo câmara Daniel Coelho Metrô do Recife
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory