Zé Manoel foi fisgado pela música

Como outros artistas da terrinha, o jovem pianista, cantor e compositor pretolinense corre atrás do sonho de viver de música
Carol Botelho
Publicado em 08/04/2013 às 11:17
Como outros artistas da terrinha, o jovem pianista, cantor e compositor pretolinense corre atrás do sonho de viver de música Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem


José Manoel de Carvalho Neto, 32 anos, petrolinense, adotou o nome artístico de Zé Manoel para seguir carreira de pianista e compositor. O caminho até o Olimpo ainda é longo. Mas o artista está começando a trilhá-lo. Já teve o primeiro disco lançado ano passado e, na última sexta-feira, abriu o show de Milton Nascimento no Teatro Guararapes. A música deu o tom da conversa, que também girou em torno do presente e do futuro. Ele conversou com a repórter Carol Botelho.

JC - Onde o Recife é mais melodioso?
ZÉ MANOEL – Gosto muito do Cais José Estelita, que tem sido muito falado, por causa do Projeto Novo Recife. Mas é um lugar muito pouco explorado pelos habitantes da cidade.
 
JC – Sobre que tema mais gosta de compor?
ZÉ – Quando estava em Petrolina, falava muito das paisagens do interior, da beira do Rio São Francisco. Mas desde que vim morar no Recife, há oito anos, minhas letras são sobre o dia a dia.
 
JC – Tem formação em música?
ZÉ –Estou cursando licenciatura em música na UFPE.

JC – Como o piano surgiu na sua vida?
ZÉ – Um dia um amigo chegou lá em casa com um teclado e eu comecei a tocar. Então meu pai me levou para ter aulas particulares de piano. Estudei piano clássico dos 9 aos 18 anos, lá em Petrolina, onde morava.

JC – Em que momentos a vida desafina?
ZÉ – Estamos em um momento bem desafinado. Na rotina, perco tempo no trânsito, nessa loucura de engarrafamento e medo da violência. Já pensei em ir pra UFPE de bicicleta, mas ninguém respeita o ciclista. Por vontade, queria ir para um lugar menor, próximo do Recife.

JC – O que o Recife tem de bom?
ZÉ – É um lugar rico de pesquisa na área musical, onde a possibilidade de ter acesso ao conhecimento é maior do que no interior, e cheio de pessoas interessantes pra interagir. É genuíno, mas ao mesmo tempo possibilita a interação com outras culturas.

JC – Acha que a profissão vai levá-lo para outro lugar distante daqui?
ZÉ- Provavelmente para o Sudeste do País. Em algum momento, será inevitável.

JC – É boêmio?
ZÉ – Gosto de barzinho, de show, de conversar com os amigos... Tenho saído menos aqui no Recife por causa da violência. Além disso, moro em Jardim São Paulo e pra lá não existe ônibus até bem tarde.

JC – Quando está do lado de cá do palco, o que ouve?
ZÉ – Dorival Caymmi, Chico Buarque, Tom Jobim, Luiz Gonzaga, Sivuca, Siba, Junio Barreto e Mombitaba.

JC – E a vida profissional, como começou?
ZÉ – Aos 15 anos, já tocava num piano-bar e aos 20, em barzinhos. Em 2004, comecei a compor para participar de um festival musical em Juazeiro da Bahia e tirei o 2º lugar.

JC – Dá para viver de música?
ZÉ – Não vivo, sobrevivo (risos). Já dei aula de música, trabalhei em albergue.

JC – Tem um plano B, caso a música não dê certo?
ZÉ – Estou também cursando turismo. Penso em talvez me associar a um amigo dono do albergue onde trabalhei aqui no Recife.

JC – O público intimida você?
ZÉ – No começo da carreira, não conseguia nem falar. Agora consigo controlar a timidez, me soltar um pouco e falar com o público durante os shows.

JC – Onde pretende viver no futuro?
ZÉ – Quando vou para o Litoral Sul ou para o Litoral Norte, sempre fico sonhando em ter um terrenos por lá, perto da praia. Por necessidade, ainda não é o momento, por causa da profissão.

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