Um passeio de 360 graus pelo México

Conheça quatro viagens com meios de transporte diferentes para destinos menos clássicos
Leonardo Vasconcelos
Publicado em 27/09/2015 às 8:00
Foto: NE10


Norte, sul, leste e oeste. Nos quatro cantos dos quase dois milhões de quilômetros quadrados do México existem lugares que são pouco conhecidos e, na proporção inversa, muito interessantes. Belezas escondidas que vão além dos mariachis, sombreiros e ruínas de antigas civilizações. O repórter Leonardo Vasconcelos visitou cada extremo do gigantesco país e mostra quatro viagens com meios de transportes diferentes para destinos menos clássicos: ir de trem de Chihuahua até Sinaloa, de lancha até o Cânion do Sumidero, de ferryboat até a Ilha das Mulheres e moto adaptada e carros em trilhos conduzidos por burros até os cenotes de Cuzamá. Viaje conosco nesta volta completa pelo país e se permita ficar deslumbrantemente tonto pelo México 360 graus!

Meio de transporte: Ferryboat

Partida: Cancun

Destino: Isla Mujeres

Duração:  30 minutos

Custo: R$ 50 

Esqueça a badalação de Cancún. Ou até não! Curta o agito da badalada noite e, na manhã, seguinte vá recarregar as baterias em uma ilha paradisíaca que fica a apenas meia hora do balneário. A travessia é feita por ferryboat que parte de três pontos do centro (Puerto Juaréz) e da zona hoteleira (Embarcadero e Playa Tortuga). As embarcações são seguras e confortáveis. No trajeto, a dica é ficar em um assento no fundo ou no primeiro andar da embarcação para desfrutar da mudança de paisagem: ver aos poucos os gigantes e luxuosos prédios se encolhendo de um lado e um pequeno pedaço de terra e menos de 8 quilômetros de largura aumentando do outro. O nome Ilha das Mulheres foi dado pelos espanhóis ao se depararam com esculturas de uma deusa da lua. Talvez por isso seja quase impossível não se deixar enfeitiçar pelos encantos do lugar. Para explorá-la é possível alugar uma moto, bicicleta ou carrinho de golfe. Além de mergulhar com snorkel, pode-se nadar com os golfinhos ou, para os mais corajosos, com os enormes tubarões-baleias. Não importa o programa, mas lembrar de ao fim dele, no entardecer, correr até a praia. Descalço dos problemas do continente, sentar-se na areia e acompanhar um pôr do sol espetacular.

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Meio de transporte: Trem

Partida: Chihuahua

Destino: Sinaloa

Duração: 15h30 

Custo: R$360 

Ironicamente, é do Estado considerado o mais violento do México que se inicia uma das viagens que pode proporcionar mais paz e tranquilidade. Localizado no norte do país, Chihuahua é ponto de partida do El Chepe, o trem que há 54 anos faz a ligação com Sinaloa, na costa do Pacífico, em um percurso de 655 quilômetros de trilhos com 37 pontes e 86 túneis. A ferrovia conta com dois tipos de trens (primeira classe e classe econômica) que diariamente vão de um Estado para o outro, em ambas direções. Ao longo da ferrovia existem nove paradas em estações turísticas, sendo as principais Creel e Divisadero. A viagem começa bem cedo, às 6h da manhã, e não demora a provar porque é um dos passeios de trens mais bonitos das Américas. Uma hora depois já começam as deslumbrantes visões das Barrancas del Cobre, um cânion quatro vezes maior que o Grand Canyon dos Estados Unidos. O trem vai serpenteando o labirinto das paisagens fazendo com que os passageiros deixem de lado as confortáveis poltronas e se espremam nos espaços entre os vagões para se deleitar com o cenário sentindo o vento na cara. Eles são disputados até o trajeto ter fim, às 21h30, em Los Mochis, Sinaloa. Na hora do desembarque, mesmo depois de horas de viagem, a vontade é de permanecer no trem para no dia seguinte fazer todo o trajeto de volta.

Meio de transporte: Lancha

Partida: Porto de Chiapa

Destino: Cânion de Sumidero

Duração: 2h30 

Custo: R$ 70 

Imagine um cânion formado há aproximadamente 12 milhões de anos onde, durante a ocupação espanhola, centenas de índios preferiram cometer suicídio em massa e se jogaram do precipício no rio Grijalva para não se entregarem aos invasores. Ter a oportunidade de conhecê-lo de lancha em um zigue-zague por entre os paredões de mais mil metros de altura faz o passeio ser obrigatório para quem visita Chiapas, no sul do México. A falha geológica é tão importante que está presente até no escudo do Estado. Saindo da capital, Tuxtla Gutiérrez, basta percorrer 5 quilômetros que se chega ao porto turístico de Chiapa del Corzo, de onde saem as lanchas a cada hora. Ao longo dos 14 quilômetros do desfiladeiro, chama a atenção uma gruta natural onde foi colocada a estátua de uma santa e uma formação de cortinas de pedra recobertas de musgos que ganhou o aspecto de uma árvore de natal. Além disso, é possível admirar uma riquíssima fauna com garças, abutres, macacos e crocodilos. O passeio termina nas represas da Hidroelétrica de Chicoasén, uma das maiores responsáveis pela geração de energia do país. Um visual realmente místico onde, não à toa, os índios escolheram voar para a liberdade.

Meio de transporte: Diversos

Partida: Mérida

Destino: Cenotes de Cuzáma

Duração: 1h30 

Custo: R$ 30 

A grande atração da região são os cenotes, o nome vem de uma palavra maia que significa “caverna com depósito de água”. Geologicamente são rochas de calcário em que a água da chuva foi lentamente se infiltrando até o subsolo até que, com o tempo, voltou à superfície. No entanto, chegar até eles é uma aventura à parte. Saindo de Mérida se pega uma van para seguir 40 quilômetros até a cidade de Cuzamá. De lá é preciso pegar uma moto adaptada com um compartimento para levar pessoas na frente. Quinze minutos depois se chega até o começo de um caminho de trilhos. O curioso é o próximo transporte: pequenos carros puxados por burros. A estrutura é do início do século passado, resquício da produção de sisal na região. Depois do fim da exploração do material, os moradores tiveram a ideia de usar os trilhos para o turismo. Por meio deles, os visitantes são conduzidos por sete quilômetros até os três principais cenotes: Chelentún, Chak-Zinik-Che e Bolom-Chojol. Cada um tem profundidade, tamanho e cores diferentes. Em comum, a sensação de se banhar em um íntimo contato com a natureza. Depois de um caminho tão longo, nada como boiar em águas tão cristalinas quanto relaxantes.

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