Carreiras e Mercado de Trabalho

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Por Felippe Pessoa
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Recebeu uma proposta para mudar de emprego? Veja o que analisar para tomar a decisão certa

Quando pensamos em mudança de emprego, um fator vem logo a mente: aumento salarial. Mas será que isso é tudo?

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Felippe Pessoa

Publicado em 19/04/2021 às 8:58
Saiba o que é preciso analisar na hora de pensar em mudar de emprego - PIXABAY

Uma coisa é certa: o Brasil passa por uma fase ruim na geração de empregos e, aqueles que estão trabalhando, devem agradecer o emprego que tem. Mas as movimentações no mercado continuam ativas, mesmo com o alto índice de desemprego. E, nesses casos, os profissionais empregados que recebem uma nova proposta de emprego podem se dar ao luxo de optar pela mudança.

Quando pensamos em mudança de emprego, um fator vem logo a mente: aumento salarial. Mas será que isso é tudo? Será que ter um reajuste salarial justifica uma mudança? Nem sempre. Outros fatores devem ser avaliados antes de encarar um novo desafio. Afinal, de que adianta receber o dobro se você não se identifica com a empresa? Se você precisará conviver em um ambiente tóxico ou a empresa fica há 2 horas da sua casa? É bem verdade que propósito não enche barriga, mas será que o equilíbrio entre remuneração e bem-estar não é possível?

Uma pesquisa do site de empregos Indeed, realizada no final de 2020, revelou o que os profissionais brasileiros ponderam na hora de mudar de emprego; 64% responderam que querem ganhar mais, 48% buscam estabilidade na carreira, 41% estão de olho em benefícios melhores, 23% querem uma carreira e crescimento profissional e 18% querem ingressar em uma empresa com potencial.

Não assusta o fato de a remuneração vir em primeiro lugar na pesquisa. Com o custo de vida cada dia mais alto e as famílias com maiores dificuldades em honrar os compromissos do mês, dinheiro acaba falando mais alto na decisão de muitos. Outro fator que contribui para esse número é a sub valorização dos profissionais. Muitas empresas ainda têm a velha mentalidade de sobrecarregar seus funcionários por uma remuneração aquém de suas atividades e responsabilidades. Ainda bem que temos outras tantas que são justas e praticam remunerações adequadas.

Mas afinal, o que, além do salário, deve ser ponderado numa mudança de emprego? Aqui vão alguns fatores que você deve atentar antes de aceitar uma proposta tentadora, mas que pode se tornar uma grande cilada:

Imagine que você é uma pessoa dinâmica, valoriza a comunicação fluída e uma gestão horizontal. O que você faria numa empresa conservadora, hierárquica e extremamente processual? Será que essa mudança se encaixa no seu perfil?

A empresa está num bom momento de mercado? Como ela está posicionada em seu segmento de negócio? Ela se destaca no seu segmento ou tem interesse em se destacar?

Essas perguntas devem ser respondidas antes de tomar uma decisão final. Analise o cenário atual e pense no futuro.

Sabe aquela história que diz: as pessoas pedem demissão dos seus chefes e não da empresa? Pois é. Muitos profissionais buscam mudanças por incompatibilidade de pensamentos com o gestor ou os pares.

Por isso, pesquise bem o que vai encontrar na nova empresa. Faça perguntas a ele na entrevista, procure entender seu estilo de gestão e avalie se a mudança vai te fazer bem ou ficará na mesma.

Entender as responsabilidades do cargo é vital para seu sucesso na empresa. Pergunte e confirme quais são as expectativas da empresa com a sua chegada. O que eles esperam de você nessa posição? O cargo é novo ou trata-se de uma substituição?

Entenda por que o profissional anterior saiu da empresa e se foi por iniciativa dele ou da empresa.

Entender os desafios e fazer uma autoanálise da sua capacidade de correspondê-los é essencial para seu sucesso na empresa.

A remuneração não corresponde única e exclusivamente ao salário mensal. Muitas vezes, a remuneração é maior, mas não compensa; isso porque a empresa não tem benefícios, bônus ou variáveis que justifiquem a mudança.

A dica é colocar todos os detalhes do pacote de remuneração no papel, especialmente os benefícios mais custosos como plano de saúde e carro. Para fazer sentido o pacote total tem que ser mais atraente que o atual.

O desafio é interessante, a remuneração também. A perspectiva de carreira é promissora, mas a empresa fica a horas de sua casa. Será que sacrificar a qualidade de vida vale a pena nesse momento?

Geralmente, quem está em início de carreira, com muito gás e querendo tirar os planos do papel, aceitam sacrificar a vida pessoal em prol do trabalho. Os mais maduros e as mães tendem a preferir um local de trabalho mais perto de casa e com mais qualidade de vida.

Essa é uma decisão muito pessoal e que tem a ver com o momento de cada um.

A possibilidade de crescimento é importante na tomada de decisão. Muitas vezes, o profissional está em uma empresa promissora, onde tem promoções constantes, um passo por vez. Aí vem uma proposta tentadora para aumentar 50% a remuneração, mas sem nenhuma perspectiva de crescimento.

Nesse caso, a análise é: vale a pena dar um passo grande e rápido ou é melhor crescer gradativa e constantemente?

Trabalhar num ambiente tóxico e divergente de seus valores pode ser crucial para a tomada de decisão. Não há dinheiro que compense o seu bem-estar, sua paz.

Considere que você passa mais tempo no trabalho do que em casa. Será que faz sentido passar a vida trabalhando num local que não te faz bem?

DICA BÔNUS!

Para saber de verdade como a empresa funciona, nada melhor do que conversar com quem trabalha ou já trabalhou nela. Os funcionários são os maiores agentes de promoção da empresa. Eles conhecem o dia a dia, a cultura e o estilo de lidar com as adversidades. Busque relacionamentos em comum com funcionários ou ex-funcionários da empresa e informe-se.

É natural que, assim como a empresa avalia os candidatos, eles avaliem a empresa também. Essa é uma via de mão dupla, sem imposição de um lado ou outro. Para dar certo, ambos têm que estar satisfeitos com suas escolhas.

Numa proposta de trabalho é possível negociar alguns pontos, seja relacionado a remuneração, horário de trabalho ou atividades. Tenha bom senso, maturidade na negociação e tome a decisão de cabeça tranquila. O frio na barriga é natural, mas ele passa quando você se dá conta de que tomou a decisão certa.

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