Na crise coronavírus, onde termina o governo e começa Bolsonaro? Quem é que manda, afinal?

Ministro edita portaria para prender quem promove disseminação e Bolsonaro planeja festinha de aniversário. Alguém precisa definir quem manda e quem fica de pijama nessa história
Igor Maciel
Publicado em 18/03/2020 às 6:50
Bolsonaro chegou a dizer que cancelar jogos de futebol era "histeria" Foto: Foto: Isac Nóbrega/PR


A grande questão que se espera respondida durante esta quarta-feira (18) é onde termina o governo e começa o Presidente da República. As entrevistas coletivas e as reuniões marcadas para hoje talvez consigam dar uma melhor dimensão do mistério.

Até a terça-feira (17) o que se tinha eram ministérios editando portarias para prender quem não obedecesse o isolamento, enquanto o presidente chamava tudo de histeria e planejava uma “festinha” de aniversário para sábado.

Longe de serem dois órgãos diferentes, a Presidência do País e o corpo de ministros estão dentro da mesma caixa. Bolsonaro querer ser um tipo de artífice da tranquilidade enquanto o próprio governo projeta o caos, não funciona. Principalmente quando o caos é a realidade e o presidente navega perdido.

Durante esta quarta-feira, pela primeira vez desde que o coronavírus deixou de ser a “fantasia” bolsonarista, ministros e presidente estarão falando juntos com chefes de outros poderes. Falarão a mesma língua?

Aproveitando a expressão usada pelo haitiano misterioso que, sozinho, “expulsou" Bolsonaro do cargo, todos vão falar “brasileiro”?

É uma questão importante, porque se o problema de Bolsonaro era não ser a "Rainha da Inglaterra", torna-se crucial que ele negocie e resolva os problemas do País, como em qualquer Presidencialismo.

Quando os ministros decidem tudo, baseado em reuniões com o Congresso, diretamente, enquanto o presidente fica de pijamas ou planejando festinhas, o nome do regime é Parlamentarismo.

Observemos, então.

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