O Ministério Público de Contas quer explicações sobre as viagens do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB). Não que seja incomum um prefeito de uma cidade no interior ou no litoral viajar ao Recife para ter reuniões com deputados e senadores. Não que seja incomum eles receberem uma ajuda financeira para custear a viagem. O problema, nesse caso, é que o prefeito Sérgio Hacker tem residência no Recife e a família mora na capital.
O caso chamou atenção porque ficou claro, após a morte do menino Miguel Otávio, após cair do nono andar de um edifício no Recife quando estava sob os cuidados da esposa de Sérgio Hacker, Sarí Corte Real, que o prefeito e a família tinham residência na capital do Estado e não no município em que era gestor.
Apesar disso, Hacker recebeu dinheiro para viajar ao Recife para encontros com deputados, senadores e líderes partidários. Um dos registros, por exemplo, é de 2018, no dia 30 de julho, quando Hacker recebeu R$ 400,00 para se encontrar no Recife com Jorge Corte Real e o então senador Armando Monteiro Neto, ambos do PTB.
Antes, ainda em 2018, segundo os dados levantados pelo Ministério Público de Contas, Hacker recebeu R$ 800,00 para participar de uma reunião com o deputado Augusto Coutinho (SD) no dia 20 de julho e outra no Incra, no dia 23 de julho. Como iria permanecer no Recife do dia 20 até o dia 23, solicitou o pagamento de quatro diárias (cada uma por R$ 200,00).
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No requerimento assinado pelo procurador Cristiano Pimentel, explica-se que não há irregularidade no fato de ele ser prefeito de Tamandaré e residir no Recife. "O que se reputa supostamente inadequado é o prefeito constantemente receber diárias para ir a uma cidade onde localizada sua residência principal e permanente”, diz o texto.
O requerimento pede que o objetivo da auditoria especial já aberta seja ampliado para apurar a eventual ilicitude do uso de diárias, pelo prefeito de Tamandaré, para se deslocar para uma cidade em que tem residência principal e permanente.
Vale lembrar que Hacker já é investigado por manter trabalhando em sua residência, inclusive no Recife, funcionários da prefeitura de Tamandaré como se fossem funcionários privados, da família.
Ao menos três casos já foram confirmados, entre eles o da mãe de Miguel Otávio, que estava registrada como funcionária da secretaria de Educação no município do litoral enquanto trabalhava como empregada doméstica no apartamento da família, na capital.
Com relação à notícia de que eu serei investigado pelo TCE de recebimento de diárias para compromissos no Recife, postada na data de hoje, tenho a informar que todas as diárias por mim recebidas foram conforme disciplinamento do Decreto Municipal n. 004/2009, e devidamente fundamentadas e comprovadas. Embora tenha uma residência no Recife, passo toda a semana em Tamandaré, em razão das funções que exerço. Para o deslocamento ao Recife, só recebia diárias sem pernoite, quando de compromissos oficiais e de trabalho, pois retornava à Tamandaré no final do dia. Tudo será oportuna e devidamente esclarecido.