É confuso. Pra dizer o mínimo.
A Polícia Federal, semana sim, semana não, bate à porta da prefeitura do Recife em operações para investigar compras supostamente irregulares feitas com dinheiro que chegou para o combate à covid-19.
O Ministério Público Federal envia comunicados afirmando que está apurando as irregularidades e que os indícios de fraude são fortes.
O MPF, inclusive, é bem claro quanto à suspeita de participação de funcionários da prefeitura:
"Há indícios ainda de que servidores públicos da área de Saúde sabiam, desde o início do processo de contratação da Juvanete, que a empresa não tinha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fabricação de respiradores, bem como que esses equipamentos não haviam sido testados em humanos. Mesmo assim, a compra foi feita e os respiradores destinados aos hospitais provisórios criados para tratamento de pacientes infectados pela covid-19. Outro fato que pode indicar irregularidades no processo de contratação da Juvanete foi a modificação das fontes pagadoras pela Prefeitura, após iniciadas as investigações pelo MPF, MPCO e PF”, diz o texto enviado pelos procuradores.
No Tribunal de Contas do Estado, a apuração sobre a possibilidade de irregularidades e fraudes nas compras da prefeitura rendem discussões semanais e conflitos internos que chamam atenção pelos atritos entre os conselheiros.
No TCU também.
Apesar disso, a prefeitura do Recife envia uma nota curta, depois de mais duas operações em um só dia, inclusive com ação sobre um funcionário da gestão, afirmando que todas as contratações foram feitas dentro da legalidade, com acompanhamento do TCE, da CGU, do MPF e do MPPE. Como se tudo estivesse acontecendo normalmente.
É como se as investigações corressem em uma realidade e a resposta da prefeitura estivesse em uma realidade paralela.
No fundo, é como se a prefeitura não tivesse a mínima ideia do que responder.