Dizia Millor Fernandes que "o passado é o futuro, usado". Diz um velho sábio que, ao apontar o dedo para alguém, sempre temos outros três dedos da mesma mão voltados para nós mesmos. Por isso a posição de quem acusa o tempo todo é tão delicada.
Quem vive de apontar dedos tem que ser ainda mais vigilante consigo mesmo. A Delegada Patrícia (Podemos) não foi.
Chamar a cidade do Recife por "Recífilis" não é um crime, mas é brincadeira de mau gosto e bastante desrespeitosa.
Piora quando você é candidata à prefeitura e já tinha que ficar explicando que "nasceu no RJ, mas adotou o Recife" e etc.
Fica mais feio ainda quando, confrontada pelo fato, ao invés de admitir ter sido uma expressão infeliz para desculpar-se e seguir, afirma que tudo é uma "perseguição" por causa de seu "desempenho eleitoral". É a mesma pessoa que, numa entrevista à Rádio Jornal, já declarou ser "a própria imagem da ética".
São afirmações características de alguém que superdimensiona a própria realidade. O que preocupa, principalmente quando se trata de uma aspirante a um cargo público de chefia de um poder.
A expressão infeliz utilizada pela candidata pode estar num passado em que ela não era candidata, mas, como ensina Millor, "o passado é o futuro".
Ela ainda pensa isso sobre o Recife?
Provavelmente não, já que agora ela quer ser prefeita, mas para confirmar que não pensa assim ela teria que ter se desculpado.
O que não achou necessário.
Mas, tem tempo. Daqui até a urna há um futuro de 26 dias.