Numa eleição cuja polarização não está definida pelos critérios mais simples, como esquerda x direita, o desafio de João Campos (PSB) será muito grande.
No primeiro debate, na TV Jornal, no momento em que teve oportunidade de discutir algum assunto com a candidata Marília Arraes (PT), Campos apelou para a corrupção. Ironizou os escândalos nacionais dos petistas, tentando responder a uma provocação dela sobre investigações contra a atual gestão da prefeitura do Recife.
Se achar que o caminho é esse, o socialista pode acabar fazendo água ou, pior, puxando o assunto para um caminho que não é nada bom pro PSB.
O senso de proximidade do eleitor pode fazer com que as suspeitas sobre a compra de respiradores pela prefeitura de Geraldo Julio (PSB) pesem mais do que as denúncias de corrupção no governo Federal do PT que terminou mais quatro anos atrás.
Mas, o problema nem é apenas esse.
Se seguir por esse caminho, Campos vai ter que explicar porque o PT só ficou ruim agora. Os petistas tiveram todo o apoio do PSB em dois governos de Lula (PT), inclusive com Eduardo Campos sendo ministro.
Dilma Rousseff (PT) também teve apoio do PSB, até quando Eduardo resolveu ser candidato a presidente e decidiu-se que o PT não prestava mais, por enquanto, como se viu em 2018, quando o PT voltou a ser "a melhor opção para o Brasil".
Nos últimos anos, PT e PSB sempre estiveram juntos, no Brasil, em Pernambuco e no Recife, com exceção de alguns períodos eleitorais.
Hoje, mesmo, há petistas em secretarias do governo de Pernambuco, comandado pelo PSB.
Na prefeitura, também, os petistas ocuparam cargos por quase toda a última gestão.
Será curioso, se Campos seguir pelo caminho de tentar acusar o PT do que for.
Porque nos últimos 20 anos, em quase todos os momentos nos quais se criticou o PT, o PSB estava ao lado dos petistas.
Vai ficar parecendo que é só por causa da eleição apertada e do risco de perder a prefeitura.
E, realmente, é.