Bolsonaro não encontrar um partido para ser candidato em 2022 é sintoma de que algo vai muito mal.
É o presidente da República. Ter ficado sem sigla até agora já mostra um descompromisso com o sistema partidário brasileiro, mas não conseguir finalizar negociações com os partidos é preocupante.
O sistema partidário do Brasil é uma piada de mau gosto. Mas, um presidente da República, no exercício do cargo, ignorá-lo, não ajuda.
É preciso diminuir o número de siglas. Os partidos no Brasil viraram um negócio lucrativo mantido com verba pública, que paga salários aos seus dirigentes e pouco se importam com a representação de anseios da sociedade.
Quanto mais partidos, mais pulverizado fica o interesse nacional e descamba a atender somente interesses particulares.
Bolsonaro não encontra partido para ser candidato, não por não ter siglas que queiram recebê-lo, mas por condicionar sua ida aos seus interesses pessoais e à narrativa que quer apresentar aos eleitores.
Ter partidos demais é ruim para o Brasil e para a democracia.
Quem viveu nos anos 1970 e 1980 sabe que havia poucas opções de marcas nas prateleiras dos supermercados, por exemplo. Havia o "melhor" e havia o "mais barato".
Também só havia dois partidos políticos. Ou você apoiava a ditadura ou era oposição.
Hoje você encontra 15 tipos de achocolatado e mais de 30 partidos para se filiar.
A variedade é boa, mas tem seu lado ruim.
Quando há opções demais, a qualidade deixa de ser o principal fator para a escolha.
É onde entra o marketing, no caso dos achocolatados, pra vender como se fosse muito bom algo que é péssimo. Na política é igualzinho.
Ter só o "partido do governo" e um "partido da oposição" é coisa de ditadura.
Ter 33 siglas, é bagunça.