Renan Calheiros (MDB) é a prova inconteste de que tudo é possível no Brasil pra quem tem fé. Claro, não a fé no divino, mas no sistema de fabricação de heróis por ocasião, conforme a circunstância e, até, com prazo de validade.
Vejam Lula (PT). Quando as circunstâncias apontavam para a necessidade de punir alguém pela corrupção do PT, a condenação e prisão dele foram comemoradas. E entre os felizes da época, muitos agora estão felizes porque "Lula voltou e é inocente".
É que as circunstâncias tornaram necessário alguém que rivalize com Bolsonaro.
Bolsonaro também já foi herói, fabricado para personalizar o antipetismo. Venceu a eleição, praticamente, deitado numa cama de hospital.
Ele era o herói da vez e mesmo que falasse dinamarquês teria sido eleito.
Hoje é vilão. Amanhã, quem sabe?
Renan era o corrupto, o que todos torciam para que perdesse influência no Senado e assim foi por quase dois anos e meio.
Aí surgiu a oportunidade de ele ser relator da CPI da Pandemia. Pra completar, está contra Bolsonaro.
Renan voltou a ser herói, mesmo que seja com prazo de validade.
Muitos vão usá-lo e depois dizer que nunca gostaram dele?
Provavelmente.
Há prazo de validade em tudo que é ocasional.
Michel Temer (MDB) já foi herói com prazo de validade. O PSB que o diga. Apoiou ele para derrubar Dilma (PT), depois fingiu que nunca tinha nem trocado boa tarde com o então presidente.
Até Eduardo Cunha já foi herói com prazo de validade. Serviu para impedir Dilma e depois foi até preso com comemoração de quem antes o incentivava.
A fábrica brasileira de heróis ocasionais anuncia sua mais nova fornada.
Renan Calheiros é o nosso "salvador".