O inacreditável caso de um parlamento que parece pouco se importar com as dificuldades econômicas de um país ganhou novo capítulo.
Na noite de ontem, deputados e senadores aprovaram um aumento de quase R$ 3 bi para gastar com a eleição de 2022.
O absurdo "fundão eleitoral" vai passar de R$ 2 bi para R$ 5,7 bi.
É o dinheiro que os políticos vão usar para promover suas próprias campanhas. Além do conteúdo, a forma também teve características de chacota.
Enfiaram o aumento no meio do texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) foi certeiro: "Estamos brincando com o povo brasileiro que paga R$ 6 em um litro de gasolina?".
Sim, estão.
A maior parte dos brasileiros, infelizmente, têm dificuldade para entender que trabalha o dia inteiro, anda pendurado em ônibus lotado ou paga R$ 6 num litro de gasolina enquanto paga impostos que sustentam esse tipo de agressão daqueles que deveriam se colocar como seus representantes.
Representação, aliás, que é a maior ilusão da democracia. Segundo essa fantasia, deputados e senadores são representantes do povo.
Coisa nenhuma.
Um sujeito que não tem a mínima ideia do que é se apertar para fazer caber aluguel, comida, água e energia, gás e gasolina, num orçamento familiar, não tem condições de representar 90% da população brasileira.
A campanha eleitoral serve para alimentar essa mentira de representatividade.
Quanto maior a mentira, mais caro ela custa. Por isso, as campanhas precisam de tanto dinheiro.