O episódio do "fundão eleitoral" virou o cenário perfeito para o sempre bizarro desfile brasileiro de demagogia.
De um lado, partidos ligados ao presidente Jair Bolsonaro votaram a favor do aumento de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões e, depois, individualmente, os mais próximos ao presidente, como a caricata deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) saíram para fazer discurso nas redes sociais reclamando do aumento.
Do outro lado, partidos como PT, PCdoB, PSB e PDT, fizeram discurso contra a aprovação, votaram contra o fundão, mas não se comprometeram em dizer que não iriam receber a verba, por exemplo.
Afinal, se é "imoral" (e, é!), por qual motivo pretendem usá-lo?
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O PT, por exemplo. Tem sido até engraçado ver deputados e senadores petistas fazendo seus discursos de elevada moral e respeito pelo dinheiro público, enquanto o partido é o maior beneficiário da verba.
Em momento algum o PT disse que não irá usar o dinheiro. Em momento algum, os petistas afirmaram que abrem mão do "fundão".
Nesse espetáculo horrendo que é o desprezo político pelo esforço do pagador de impostos, o Congresso se divide entre quem faz bobagem, fingindo que não fez, e quem discursa contra a bobagem, enquanto toma proveito dela.
É o império da hipocrisia demagógica, num sistema em que isso dá votos.
Dar errado é a natureza do Brasil.