A situação de Bolsonaro com o fundão eleitoral não é fácil de resolver. A verdade é que existe um cálculo eleitoral a ser feito pelo presidente da República e por seus assessores.
Bolsonaro ainda não tem partido definido. O Patriota, que já estava praticamente contando com a filiação, voltou à estaca zero depois que a Justiça afastou seu presidente.
Provavelmente, o chefe do Executivo vai ingressar numa sigla do centrão ou em algum nanico que receberá suporte financeiro e estrutural do centrão.
O centrão votou em peso para aumentar o fundão eleitoral de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões. Se vetar o reajuste, como cogita fazer, Bolsonaro vai desagradar a maior parte desse grupo.
Ele também pode combinar com os partidos de centro um veto fantasia. Não seria a primeira vez e o próprio Bolsonaro já fez isso. Ele faz um discurso moralista, veta o aumento, mas os deputados e senadores derrubam seu veto. Tudo combinado.
Isso, porém, é um risco, porque a apreciação de veto é nominal e a exposição negativa do absurdo reajuste fará muitos deputados votarem para manter o veto e, assim, o aumento deverá cair.
O centrão vai continuar culpando Bolsonaro por receber menos dinheiro.
Por outro lado, se não vetar o fundão, o presidente vai ajudar a irrigar a campanha de seus adversários diretos na eleição.
Acontece que, sem partido, ele não tem garantia de nada por enquanto. Já o PT, o PDT e o Podemos, receberão volumes expressivos.
O PT deve apostar tudo em Lula, o PDT investe em Ciro Gomes e o Podemos se encaminha para ser a sigla de Sergio moro.
Com o aumento, o PT que recebeu R$ 200 milhões para fazer campanha em 2020, receberá quase R$ 600 milhões agora.
O PDT, que ganhou R$ 100 milhões em 2020, recebe quase R$ 300 milhões.
E o Podemos sai de R$ 70 milhões em 2020 para receber, e investir em Sergio Moro, quase R$ 220 milhões.