Não foi apenas o voto do deputado Fernando Filho (DEM) contra o projeto do "voto impresso auditável". O nome dele junto com parlamentares contrários à proposta bolsonarista chamou atenção. O deputado é filho de Fernando Bezerra Coelho (MDB), o senador que é líder do governo Bolsonaro.
No dia seguinte à votação, o próprio pai deu outro sinal: no meio da CPI da Covid, ambiente no qual a maior parte dos senadores é de oposição e FBC é um dos poucos defensores do governo, ele aproveitou os holofotes para fazer um discurso contra a manobra militar que aconteceu em Brasília no dia da votação.
Cuidadoso, Bezerra Coelho não fez qualquer menção direta ao presidente, mas nem precisava, porque o contexto da fala dos outros senadores, que chamaram a medida de intimidação e ameaça ao Estado Democrático de Direito, deu o tom.
Há, ainda, outro fato. É exatamente nesta semana que o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), também filho do senador, conversa com diversas lideranças políticas em Brasília para tentar viabilizar sua candidatura ao governo de Pernambuco.
Miguel tem conversas com o presidente do MDB, Baleia Rossi, mas marcou reuniões com outras lideranças também. Entre elas, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que está no DEM, mas deve sair para o PSD e pode ser candidato a presidente.
Qualquer um que não for Bolsonaro será oposição a Bolsonaro. Para ter apoio de alguém e montar um palanque em PE, será preciso descolar do presidente. E o processo parece ter se iniciado.