As iniciativas do prefeito do Recife, João Campos (PSB), no fortalecimento dos planos de parcerias público privadas e de concessões são, a princípio, louváveis. Só precisa combinar com os socialistas do partido dele.
Há, na verdade, dois aspectos da cultura que a gestão Campos terá que enfrentar nesse ponto. Um é relacionado com a ideia de que quem já paga imposto não precisa mais gastar nada para contribuir com o poder público.
É que uma das ideias apresentadas pela equipe formada especificamente para desenvolver as PPPs é convencer empresários que sofrem com alagamentos, por exemplo, a contribuírem com estudos e projetos para melhorar a drenagem da cidade.
Mais uma vez, é iniciativa louvável, mas não terá caminho fácil.
Difícil, ainda mais, é fazer com que a própria esquerda, da qual o PSB diz fazer parte, aceitae de bom grado que a iniciativa privada é mais competente para administrar e eliminar os gargalos da gestão pública.
No anúncio, há algum tempo, precisaram ouvir de integrantes do PSOL, por exemplo, que "o povo iria pagar ingresso nos parques públicos" se concedessem os equipamentos à iniciativa privada.
O próprio projeto diz que isso é proibido, mas era precisa "lacrar" para as redes sociais.
O próprio PSB tem problemas com a iniciativa privada. Muito por causa dos cabides de emprego que os órgãos públicos fornecem para as bases eleitorais de muitos de seus integrantes.
Se não puderem indicar "amigos", haverá problemas.
Campos foi eleito com o argumento de modernização e dando a entender que carregava o futuro do PSB nessa retórica. Falta ver isso virar prática. Aguardemos.