O presidente Jair Bolsonaro sancionou, sem vetos, o projeto que flexibiliza a Lei de Improbidade Administrativa.
Caro leitor, atente para a expressão "sem vetos", porque ela é importante para a análise que segue.
O projeto, praticamente, libera políticos para cometerem atos ilícitos durante o mandato, dificultando sua punição posterior, porque exige que se prove que o gestor tinha a intenção de cometer o ato ilícito.
Na prática, desde que não tenha uma gravação do sujeito, dizendo que queria cometer o crime, ele não poderá ser punido.
É sério. Principalmente para quem se elegeu prometendo acabar com a corrupção e já foi responsável pelo fim da Operação Lava Jato.
Agora, sanciona sem vetos um projeto que ajuda quem faz mau uso do dinheiro público a não ser processado.
"Sem vetos" significa que o presidente leu todo o projeto e achou que ele estava perfeito.
O texto, no qual Bolsonaro não viu nem um vírgula de erro, foi escrito pelo PT, principalmente.
O relator do projeto na Câmara foi Carlos Zarattini (PT-SP).
O relator do projeto no Senado foi o senador Weverton (PDT-MA).
Impressiona o quanto Bolsonaro e a esquerda, representada por Lula (PT), a despeito de viverem fingindo uma rivalidade em tudo, tentando vender essa rivalidade para a eleição, concordam em tanta coisa.
A lista é extensa, mas alguns exemplos são o "furo no teto de gastos" para pagar auxílio (quando, na verdade, querem liberar o orçamento para faturar mais emendas), o combate à Lava Jato, a eleição de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e, agora, a luta contra a Lei de Improbidade Administrativa.
A polarização é, cada vez mais, uma fantasia eleitoral.