O poder tem um cheiro bom e a expectativa de poder também exala perfume atrativo.
Antes de ser anunciado candidato a governador, por falta de apoio entre prefeitos, Danilo Cabral (PSB) tinha uma reeleição quase impossível para deputado federal.
A situação era tão precária que ele chegou a articular, com outros colegas deputados, a expulsão de Clodoaldo Magalhães (PSB), que estaria tirando votos deles em bases eleitorais no interior.
Agora, depois de ser confirmado como candidato do PSB para disputar o governo do Estado, recebe grupos de gestores municipais todos os dias lhe hipotecando apoio "desde sempre".
E o melhor são os discursos dos prefeitos, na linha do "foi Danilo quem fez". Há alguns dias, um representante de uma prefeitura fez questão de falar que o pré-candidato é o "responsável pelo desenvolvimento do Agreste".
De repente, "ninguém ajudou mais os municípios do que ele".
Lembra a estratégia para levantar Geraldo Julio (PSB) no Recife em 2012, quando se atribuía a ele até o que ele nem sabia que existia.
O "foi Geraldo quem fez" virou piada na época. A ideia era dizer que o então secretário do governo Eduardo Campos tinha participação em tudo o que se fazia no estado, para garantir votos pela prefeitura.
Deu certo. Agora, a ideia pode ser fazer o mesmo com Danilo.
Uma diferença crucial é que Geraldo estava sendo associado a um governo que tinha aprovação altíssima, numa administração que carimbou Eduardo para ser candidato a presidente da República.
Agora, Danilo será associado à gestão Paulo Câmara (PSB), de alta rejeição? Ou se vai continuar esticando a corda e usando a administração de Eduardo Campos, de oito anos atrás, como vitrine perpétua?