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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Diferente de Michel Temer, que era fiador político, o ex-governador Alckmin será um fiador eleitoral do PT. Mas, não é santo

Alckmin voltou de uma aposentadoria para assumir o papel de fiador para um Lula que, acredita-se, poderia estar "pensando em vingança". A questão é que, na política, todo fiador é uma oportunidade.

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Igor Maciel

Publicado em 08/03/2022 às 15:54
Lula e Geraldo Alckmin, em 2006 - MAURÍCIO LIMA/AFP

Nas planilhas da Odebrecht, Geraldo Alckmin era conhecido como "santo". O ex-governador paulista nunca teve participação direta no recebimento de propinas confirmada pela equipe da Lava-Jato.

Isso, por sinal, era uma grande reclamação dos petistas que acusavam as autoridades de blindarem o então tucano, enquanto acusavam Lula (PT).

Era outra época.

Hoje a inocência voltou a frequentar a natureza imaginativa de todos, blindados ou não, ao ponto de Alckmin virar candidato a vice-presidente na chapa de Lula, pelo PSB, com apoio de boa parte da esquerda.

Num mundo em que deputados viajam para zonas de guerra pensando em aproveitar sexualmente a vulnerabilidade das mulheres refugiadas, o ex-governador com sua vida regrada é, no mínimo, algo diferente. Ainda bem.

Mas, não é santo.

É discreto.

Alckmin deve se filiar ao PSB para ocupar a vice de Lula - RICARDO STUCKERT

Um santo de verdade não se tornaria, no ambiente político atual, governador de São Paulo tantas vezes e não teria a ambição de perseguir a presidência da República em duas eleições, aliando-se aos partidos que davam sustentação a Lula na presidência e hoje sustentam Bolsonaro, a nata do fisiologismo.

Alckmin voltou de uma aposentadoria para assumir o papel de fiador para um Lula que, acredita-se, poderia estar "pensando em vingança".

A questão é que, na política, todo fiador é uma oportunidade.

Com Temer foi assim.

O fiador

Michel Temer (MDB) foi apresentado como um fiador de Dilma Roussef (PT).

O presidente Michel Temer (PMDB) aparece junto a seus antecessores, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em uma lista de supostos beneficiários - Foto: PR

A interlocução dele com o Congresso, coisa que a presidente não tinha a mínima ideia de como fazer, foi a chave para isso.

É verdade que Alckmin será mais um fiador eleitoral, um ponto de razão na campanha, do que um articulador para a Câmara e o Senado.

Mas não será passivo e sem ambição como alguns imaginam. Ninguém deseja tanto um cargo e chega tão perto dele para depois ficar satisfeito como auxiliar.

Qual o espaço que foi negociado com o PT e até que ponto todos, além de Lula, concordaram com isso?

Tem o PSB

Outro ponto que precisa ser lembrado nessa chapa prestes a ser formada: Alckmin está entrando no PSB e o PSB foi o partido que garantiu a Temer a possibilidade de ser presidente da República.

Sem os votos dos socialistas, não teria sido possível alcançar a margem para confirmar o impeachment de Dilma. Para limpar as digitais, em seguida, o PSB abandonou Temer.

O PSB tem histórico. E não há santos na política brasileira.

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