Em fevereiro de 2021, Bolsonaro (PL) afirmou que não tinha influência sobre a Petrobras. Na época, tentava se eximir da responsabilidade pelo aumento dos preços dos combustíveis.
A gasolina e o diesel seguiram sendo reajustados e pressionando a inflação.
Em 2022, vendo que jogar a culpa nos governadores ou dizer que "não tem influência" na empresa estava dando errado, o presidente mudou o tom, avisando que os aumentos tinham que parar.
Esta semana, reuniu ministros no Planalto; foram montar um plano para garantir que a Petrobras não repassasse o prejuízo com a guerra da Ucrânia para o consumidor. A ideia era congelar e impedir reajustes.
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Nesta quinta-feira (10), os brasileiros amanheceram com a informação de que a empresa já passou um reajuste de até 24% (diesel) para as distribuidoras.
O diesel, por exemplo, deve subir quase R$ 1,00 na bomba. A gasolina deve subir mais de R$ 0,50 para o consumidor final.
Na reunião do Planalto, o clima era de "ou Bolsonaro impede o aumento da gasolina e do diesel ou Lula fará, quando for presidente".
A frase era proposital, decretando que o atual presidente deve perder a eleição para o petista se não conseguir segurar a inflação.
O problema verdadeiro de Bolsonaro não é ter influência ou não ter influência. A verdade é que não tem dinheiro pra ter influência.
Há formas pelas quais o governo pode intervir completamente na Petrobras.
Só tem que ter dinheiro pra isso.
Há estimativas apontando que um congelamento de preços poderá custar até R$ 200 bilhões ao governo, segundo os cálculos do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e ex-diretor da Petrobras, Eberaldo de Almeida.
Numa situação fiscal que já não é boa, vai se tirar esse valor de onde?
Previsão
O colunista da JC Negócios, Fernando Castilho, já havia previsto um aumento no preço dos combustíveis diante da defasagem média de 30% no preço da gasolina e 40% no valor do diesel. Confira:
O problema no colo
Pouco antes de o aumento ser confirmado, quando não havia mais o que fazer, Bolsonaro voltou à versão original de suas justificativas. Disse que não "tem nada a ver" com o caso.
"No mundo todo aumentou [preço dos combustíveis]. Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada, não. Só quando tem problema cai no meu colo", reclamou aos apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada.