Numa popular série de TV recente, o personagem principal, depois de ouvir da rainha que não cumpriria uma promessa feita a ele, ameaça entrar em guerra contra o reino. É alertado por um auxiliar que poderia perder a cabeça, mas insiste. "Ela tem que saber que eu valorizo a palavra dada, para poder confiar em mim quando eu der minha palavra".
É instrutivo.
Acordos políticos constroem figuras públicas ou as destroem. Como um ou outro resultado se dá sempre no longo prazo, a vantagem ou a desvantagem demora a chegar e fica parecendo que há impunidade nesse meio. Não há.
Quando Marco Maciel era vice-presidente, André de Paula (PSD) venceu sua primeira eleição para deputado federal. Organizou tudo com a família para ir trabalhar em Brasília, mas foi convocado por Maciel, dizendo que precisava dele na secretaria de Agricultura do Estado, na gestão Jarbas, para honrar um acordo feito durante a campanha.
Seria o primeiro mandato dele como federal, mas decidiu aceitar.
O importante era garantir a palavra dada.
Quem valoriza acordos assim, também gosta de confiar na palavra dos outros. Em 2020, houve acordo entre o PSD e o PSB para que André fosse o candidato ao Senado em 2022. O apoio do partido à campanha de João Campos (PSB) passou por isso.
Quando chegou em 2022, usando a imagem de Lula, o PT se meteu. É o mesmo PT que, em 2020, foi o maior adversário do PSB no Recife. Agora se fala na possibilidade de André deixar a Frente Popular e seguir Marília Arraes em outro palanque.
Acostumado a cumprir seus acordos, André também só deveria ficar no PSB se cumprirem a promessa que lhe fizeram em 2020.
Caso contrário, abre-se um precedente que, na série de TV poderia ter deixado o personagem sem cabeça e, hoje, deixa muita gente sem futuro político.