O Brasil é um país que vai gastar R$ 4,9 bilhões este ano apenas para que partidos políticos financiem suas campanhas eleitorais.
É também o país no qual se gastou R$ 16 bilhões em 2021 para distribuir verbas em bases eleitorais de candidatos com o chamado orçamento secreto.
É o país em que um deputado custa, ao bolso do contribuinte, R$ 2 milhões por ano. Multiplique por 513. Dá mais de 1 bilhão por ano. Quase R$ 5 bilhões por legislatura.
E só estamos falando do desperdício de dinheiro público que é considerado legal. Nem está aqui a conta da corrupção.
As cenas do teto do hospital da Restauração desabando, enquanto pacientes são carregados nos braços para não serem atingidos pelos escombros.
A água vertendo do teto como se fosse uma cachoeira, num ambiente de internação, com usuários entubados em suas macas, amontoadas pela superlotação já comum do ambiente, o desespero dos médicos e enfermeiros, além dos familiares das vítimas é um contraste tão radical com a opulência de verbas públicas usadas para fazer campanha eleitoral, sustentar partidos e parlamentares, que o crime moral é evidente.
Na pandemia, Pernambuco recebeu quase R$ 500 milhões para a Saúde. O Hospital da Restauração é de responsabilidade do governo do Estado. O dinheiro foi pra ser utilizado na crise, é verdade. Mas foi dinheiro extra, a manutenção do hospital, que tinha verba pra isso, continuou tendo e com mais folga.
O que aconteceu nessa unidade não foi uma obra do destino, foi falta de manutenção e cuidado básicos.
O diretor dessa unidade é responsável, o governador é responsável também. E essa cadeia talvez seja um problema. Porque as indicações políticas para cargos de grande responsabilidade acabam prejudicando os serviços. O governador escolhe alguém que é indicado pelo partido X. É assim que funciona.
Se é o mais adequado, o mais preparado, se tem experiência em gestão de uma unidade gigantesca, de um equipamento vital, a questão até entra na lista, mas não é prioridade.
A política está atrapalhando e matando pessoas. Na Saúde, na Segurança e na Educação.
Por que uma coluna de política está reclamando tanto da política como ela é?
Porque ela não deveria ser assim. Porque não existe solução fora da política e os que trabalham com ela e por ela têm ajudado, todos os dias, em sua própria anulação e descrédito.
A população vai ficando cansada e chegará a um ponto em que a política será vista como um mal, ao invés de solução.
É aí que estaremos perdidos de verdade.