A coletiva do deputado André de Paula (PSD) teve duas surpresas. A primeira foi que ele manteve a posição de ser candidato ao Senado, mesmo sem apoio da Frente Popular que vai lançar Teresa Leitão (PT).
A segunda surpresa estava sentada ao lado do parlamentar: Eduardo da Fonte, presidente estadual do PP. Foram dois fatores que, analisado o discurso, mostraram o objetivo dos dois para as próximas semanas: constranger o PT dentro da Frente Popular.
O PSB tinha um acordo com André e com o PSD, indicaria o aliado para a vaga ao Senado. Ele foi paciente, aguardou e confiou. O PT chegou, carregando a foto de Lula (PT), e disse que não queria saber de acordo. André continuou confiando e o PT forçou a barra.
Enquanto tudo isso se desenrolava, Eduardo da Fonte sofria com a perda de espaço dentro da Frente Popular, após uma briga com João Campos, ainda em 2020. Muitos desses espaços foram sendo ocupados ou pelo PT ou pelo próprio PSB. Tentou ser candidato ao Senado também. E foi rejeitado bem antes de o assunto ganhar corpo.
Os dois juntos, na coletiva de hoje, é daquelas reuniões improváveis que depois de acontecerem se fica imaginando como é que não aconteceu antes. Porque o adversário em comum, embora nenhum dos dois admita isso, é o PT.
É o mesmo PT que ficou contra o PSB em eleições anteriores que agora chega para ocupar espaços daqueles que, nessas mesmas eleições, foram fieis.
Dudu da Fonte é um articulador e tem bastante força no interior do estado. André é um nome equilibrado que foge dos extremos da polarização Lula x Bolsonaro.
Nenhum dos dois admite claramente que está saindo da Frente Popular. O discurso foi ensaiado nesse ponto: "um passo de cada vez. Primeiro vamos lançar André ao Senado".
Quando as próximas pesquisas forem surgindo, acreditam na tendência de que André estará à frente de Teresa Leitão.
Em novos levantamentos, neste plano, isso vai se repetir. André à frente de Teresa. André à frente de Teresa.
O PT fica constrangido. O PSB fica inquieto. André e Dudu, que ainda não admitiram ter saído da Frente Popular, oficialmente, poderão dizer: "querem a gente de volta? Se não quiserem, temos outras opções."
Esse é o plano. Se vai dar certo, é com o eleitor.