O São João de Caruaru é um grande palanque político em ano eleitoral. Dizer que a festa nunca foi utilizada politicamente é de uma hipocrisia absurda ou ausência de memória.
Na maior parte dos anos em que José Queiroz (PDT) foi prefeito, Eduardo Campos marcava presença nos camarotes e assistia aos shows, acenando para a multidão.
Em 2011, Dilma Rousseff (PT) esteve na festa, nos camarotes, e foi saudada pela multidão.
Antes, quando Tony Gel (PSB) foi prefeito, era o governador Jarbas Vasconcelos (MDB) quem sempre estava por lá.
A questão é que o São João nunca tinha sido usado da forma como está sendo agora. Foi a primeira vez, por exemplo, que a eleição subiu ao palco principal.
Na visita de Dilma, o deputado federal Wolney Queiroz (PDT) era o anfitrião. Ela jantou na casa dele antes de ir para o pátio, e estávamos em 2011 com a petista ostentando aprovação ainda muito alta. Não tinha eleição naquele ano. Ela não foi ao palco.
A própria Raquel Lyra (PSDB), ex-prefeita e pré-candidata ao governo, esperava aproveitar a festa este ano como base, mas não havia planos de ela ir ao palco em nenhum momento.
Anderson Ferreira (PL) e Gilson Machado (PL) já subiram duas vezes. Há quem diga que o atual prefeito, Rodrigo Pinheiro (PSDB), tem bastante “simpatia por Bolsonaro”, embora não declare.
Depois de brigar com Raquel, Anderson estaria sendo o motivo de a eleição ter ido ao palco principal?
Segurança e vaias
Antes de também subir ao palco, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve o ambiente preparado e controlado. Grades foram colocadas, para que houvesse segurança em relação a quem se aproximava do palco. O público em geral, pequeno em relação aos dias anteriores, ficou mais distante das atrações. E houve protestos, xingamentos e vaias quando o presidente apareceu. Algo que era esperado.
Público menor
É importante dizer que o público não foi menor porque Bolsonaro estava lá. A principal noite do São João em Caruaru é, normalmente, com público menor no Parque de Eventos. A tradição de fazer fogueira em casa, assar milho e passar o momento com a família acaba esvaziando o espaço, todos os anos no dia 23. Não foi uma tragédia, mas a recepção não foi tão boa quanto os bolsonaristas imaginavam.