Marília Arraes foi a ausência mais presente nos eventos de Lula com o PSB. Ficou muito constrangedor

O clima foi absolutamente caótico. Nervosismo, insegurança, atos falhos em todos os dias e socialistas evitando o público
Igor Maciel
Publicado em 21/07/2022 às 20:00
Marilia Arraes (SD) disputa com Danilo Cabral (PSB) associação à imagem de Lula (PT) Foto: Reprodução


Na visita de Lula a Pernambuco, é preciso pontuar o clima absolutamente caótico que pairou sobre os eventos.

Houve nervosismo, insegurança, atos falhos em todos os dias e socialistas evitando o público em determinados momentos.

Se há algo que ficou muito claro em todos os quatro eventos públicos é que ninguém está tranquilo na Frente Popular e isso ficou muito evidente. Há um descompasso impressionante.

Tem a ver com as vaias, tem a ver com os atos falhos dos petistas falando em Marília Arraes (SD), por engano, o tempo todo.

Mas, principalmente tem a ver com a preocupação de que a imagem passada para Lula é a de que Danilo está enfraquecido. É algo mortal eleitoralmente.

Lula percebeu?

Claro que o ex-presidente percebeu. Nas primeiras vaias, em Garanhuns, tratou de ser solidário. Uma solidariedade e perspicácia admirável.

Depois que João Campos (PSB), Paulo Câmara (PSB), Danilo Cabral (PSB) e até Teresa Leitão (PT) foram vaiados, ele notou e bolou uma estratégia: sempre que um deles ia discursar, o petista levantava e ficava ao lado.

Para evitar vaiar o próprio Lula, lá de pé, o público amenizava nos gritos contra os socialistas.

Mas, era como se Marília Arraes estivesse presente tal qual um tipo de fantasma. Além dos militantes repetindo o nome dela, a pré-candidata ao Senado, Teresa Leitão (PT) cometeu um ato falho. Ela foi saudar uma vereadora da cidade e quase chamou "Marília Arraes", depois tentou consertar e “a emenda saiu pior que o soneto”.

Em Serra Talhada, mais menções à Marília Arraes, reforçando o que a coluna adiantou antes mesmo de o ex-presidente desembarcar no estado: o evento chamaria mais atenção pela ausência do que pelas presenças.

Ausência ou silêncio pra não ser vaiado

Na manhã da quinta-feira (21), a agenda tinha um encontro de Lula no Teatro do Parque com a classe artística.

E, para evitar novas vaias e críticas, Paulo Câmara e João Campos teriam sido orientados a não comparecer.

Danilo até foi ao local, mas também teria sido “orientado a não falar” para não ser criticado em público. Lula e Alckmin falaram sem problemas.

Já no evento da noite, no Classic Hall, mais constrangimento. A plateia gritou pelo nome de “Marília”, dando intervalos apenas para vaiar sempre que o nome de Danilo Cabral era citado.

A organização começou a subir o volume dos microfones, tentando abafar a gritaria. Mas, bastava alguém parar de falar e se podia ouvir o nome da pré-candidata novamente, em coro, sendo gritado.

Pra completar, em seu discurso, o deputado estadual e presidente do PT, Doriel Barros, foi saudar Teresa Leitão (PT) como candidata ao Senado e repetiu o que a própria Teresa havia feito em Garanhuns: falou em "eleger a senadora Marília Arraes".

O público se exaltou e aplaudiu. Ele corrigiu em seguida. Mas, a gafe já era irremediável. 

É bom dizer que o público era formado, majoritariamente, por militantes do PT e do PSB. E não foi um evento do PT, mas de toda a Frente Popular.

Foi algo de constranger até quem não estava lá e até quem nada tem a ver com o PSB.

Nos discursos de quem já se sabia que seria vaiado, a produção arranjou uma "solução". A equipe de som começou a reproduzir aplausos gravados.

Sim, é isso que você está imaginando. Aqueles aplausos fake, muito comuns em séries de comédia na TV.

Surpresa?

Dito isto, é preciso perguntar a você, agora: causa alguma surpresa?

A coluna Cena Política vem apontando há bastante tempo que existe uma dificuldade para o PT aceitar o nome de Danilo Cabral.

Ele votou pelo impeachment de Dilma (PT) e, honestamente, não é alguém que se possa dizer que possui grande magnetismo eleitoral pra fazer os petistas esquecerem isso.

A aliança com o PSB também passa longe de ser aceita. Os socialistas fizeram "gato e sapato" do PT nos últimos anos em Pernambuco.

Na campanha de 2020 empurraram o dedo nas feridas da corrupção e da prisão de Lula para vencer Marília com votos do bolsonarismo.

Não é algo fácil de esquecer.

Sem falar que sempre arranjaram uma forma de perseguir Marília onde ela estivesse. Saiu do PSB por isso, saiu do PT por isso.

Todo o constrangimento desses últimos dias estava sendo cozido lentamente em fogo brando ao longo de anos.

Só está surpreso quem deixa a presunção comandar aspectos da própria vida, o que pode ser o caso de alguns membros do partido.

E o depois?

A verdade é que Lula sai daqui com a certeza de que estava certo quando dizia aos mais próximos na direção nacional que conhecia Pernambuco e "sabia que Danilo ia ser um problema difícil de solucionar contra uma neta de Arraes".

A questão é como ele vai empurrar a aliança daqui pra frente. Porque ficou muito claro o recado que os petistas deram ao ex-presidente tão amado por eles.

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