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Cena Política

Por Igor Maciel
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Voto útil e possibilidade vitória de Lula no primeiro turno tem um culpado

O voto útil só virou uma campanha lulista porque o ambiente permitia. O povo está cansado, querendo acabar com a instabilidade eleitoral logo.

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Igor Maciel

Publicado em 23/09/2022 às 12:03 | Atualizado em 23/09/2022 às 16:21
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, político é presidente do PP. - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O voto útil em Lula (PT) tem um culpado: Bolsonaro (PL). E não apenas por ser o adversário a ser batido, mas por ações equivocadas que foram sendo tomadas pelo presidente ao longo dos últimos meses. Os estrategistas da campanha perceberam há alguns meses que era preciso pacificar o discurso, para dar ideia de estabilidade democrática.

Com isso, pretendiam mostrar que não há ameaça com Bolsonaro no poder. Em paralelo, pretendiam divulgar os resultados econômicos do governo que, acreditemos ou não em sua manutenção pós-eleição, hoje são bons.

Com a melhora da economia e Bolsonaro oferecendo um ambiente político mais estável, a possibilidade de um segundo turno disputado voto a voto era imensa. Foi esse plano, inclusive, o que manteve os líderes do centrão ao lado do presidente, porque havia expectativa de poder.

Saindo do plano para a realidade, a campanha não conseguiu vender a melhora da economia e Bolsonaro não conseguiu dar demonstrações de estabilidade política. O eleitor olha para o cenário econômico e enxerga algo superficial que vai acabar ao fim da eleição. O que Dilma Rousseff (PT) fez em 2014, quando baixou gasolina e energia elétrica para ser reeleita e quebrou a economia em seguida, não ajuda. Quanto mais desconfiado, mais o eleitor demora para agradecer. E, completando o cenário ruim, como acreditar que a bonança econômica vai se manter após outubro se Bolsonaro seguiu insistindo na “guerra política”?

As manifestações do sete de setembro só foram boas para quem já votava no presidente. Quem viu de fora, enxergou um acirramento do clima belicoso que leva à instabilidade. O presidente continuou se envolvendo em polêmicas com mulheres e acirrando as discussões. Por isso a rejeição não baixa e o plano naufraga.

O voto útil só virou uma campanha lulista porque o ambiente permitia. O povo está cansado, querendo acabar com a instabilidade eleitoral logo.

No naufrágio, o centrão salta. Ciro Nogueira (PP) ameaçou abandonar o ministério da Casa Civil e depois recuou com a repercussão ruim. Fala-se que o presidente do PL de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, já abriu conversas com petistas sobre uma “convivência harmoniosa no futuro”.

Com os bons resultados na economia, a culpa de as coisas não engrenarem é de Bolsonaro e da campanha dele.

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