Destaques e análises políticas do Brasil e Pernambuco, com Igor Maciel

Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O candidato a presidente de Raquel Lyra e o apoio do PT à Marília Arraes

Uma disputa de segundo turno é, antes de tudo, um debate sobre o motivo de você não votar em quem você não vota.

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Igor Maciel

Publicado em 10/10/2022 às 12:30 | Atualizado em 10/10/2022 às 14:11
Marília Arraes e Raquel Lyra disputam o segundo turno em Pernambuco - VINICIUS LOURES/AGÊNCIA CÂMARA E DIVULGAÇÃO

Raquel Lyra (PSDB) não deve declarar voto em ninguém para presidente da República. O discurso será o de trabalhar com qualquer um que seja eleito. A situação política da tucana pode ser resumida como a de um “desconforto confortável”.

Há a questão da “falta de santo sobre o andor”. Acredita-se que seja muito difícil levar à frente uma eleição de segundo turno em que não há posicionamento entre duas opções nacionais, quando elas estão postas. Por outro lado, o discurso de trabalhar com a decisão do eleitor e não com os acordos políticos e partidários dá à candidata uma liberdade de ação maior e fuga das rejeições.

Uma disputa de segundo turno é, antes de tudo, um debate sobre o motivo de você não votar em quem você não vota.

Ela não pedirá votos para Bolsonaro (PL) por uma razão simples: a rejeição de Marília Arraes (SD) entre os 30% de pernambucanos que votaram no atual presidente, é muito alta. Essa antipatia do eleitor bolsonarista com Marília tende a aumentar na medida em que o PT declarou apoio a ela e o PSB, apesar de rachado, praticamente fez o mesmo.

Raquel não pede votos para Bolsonaro, mas Marília e o PT são os “inimigos”. A lei da gravidade faz o resto.

E Lula?

Por outro lado, é preciso medir com atenção a realidade do poder de transferência de votos lulistas em Pernambuco. Isso, por mais representativo que tenha sido o primeiro turno, ainda é uma incógnita.

Pode ser que Lula promova uma avalanche de votos direcionados à Marília e que suplante qualquer reação de Raquel. Mas, também, pode ser que o potencial de Marília para atrair esses votos não seja suficiente por causa da rejeição dela ou por critérios regionais.

Basta fazer uma conta simples: Lula teve 65% dos votos. Danilo Cabral (PSB), candidato oficial dele, alcançou 18% e Marília (candidata lulista informal) teve 23%. Somados, dá 41%. Para onde foram os outros 24%? A maior parte para Raquel e Miguel Coelho (UB).

Havia duas opções “lulistas” e eles não votaram em nenhuma delas. Agora, esses 24% votarão em Marília, apoiada pelo partido de Danilo?

Fora isso, Miguel e Raquel tiveram a força do voto regional, daqueles que votavam neles pela proximidade e pelo período em que foram prefeitos de Caruaru e de Petrolina.

Provável discurso

Por via das dúvidas, a tendência é que Raquel não peça voto para Bolsonaro e nem para Lula. O discurso seria que Pernambuco já perdeu muito sendo amigo ou inimigo de presidentes e precisa trabalhar com qualquer um que esteja no Planalto, porque "o povo pernambucano não deve sofrer, rendido a interesses partidários e pessoais".

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