O roteiro da campanha de Marília Arraes (SD) foi ajustado, mas seu resultado ainda é incerto. A candidata preparou tudo para enfrentar Anderson Ferreira (PL) no segundo turno. Era possível contar com a rejeição do adversário, muito mais alta, e apenas administrar a campanha até o dia 30.
O discurso de polarização Lula x Bolsonaro estava previsto, mas Anderson ficou pelo caminho e precisaram improvisar.
Nos últimos dias ficou bem evidente que a campanha adaptou seus argumentos para que eles se encaixassem em Raquel Lyra (PSDB). É como tentar vestir uma roupa que não cabe no corpo. Você põe um cinto, dobra as mangas e tenta convencer. Qualquer coisa serve para tentar ligar a adversária a Bolsonaro.
Em outra hipótese da campanha, Marília iria enfrentar Danilo Cabral (PSB) e, nesse caso, usar a rejeição de Paulo Câmara e do PSB contra ele. Mais uma vez, foi preciso improvisar, porque uma conjunção de fatores levou a cúpula do PSB para dentro da campanha da neta de Arraes. Nesse caso, a adaptação foi tentar dizer que ela não está com o PSB, mas apenas com João Campos (PSB).
Tem hora que a roupa está apertada e tem hora que está grande demais.
O improviso na argumentação é mais um indício de que a campanha de Marília realmente considerava a eleição resolvida e achava que só precisava esperar para receber as chaves do Palácio, sem muito planejamento.
O outro indício foi a ausência em todos os debates do primeiro turno, por acreditar que ela não precisava debater, pois liderava a eleição com muita folga.
Foi por não ponderar o imponderável que Marília se apressou em jogar o mesmo discurso que estava preparado para Anderson, no domingo da eleição, numa Raquel que havia acabado de enterrar o marido. O que é considerado, até agora, o maior erro da campanha. Improviso dá nisso.
Esta semana deve haver a divulgação de ao menos uma pesquisa, Real Time/Big Data. Na semana passada, o instituto apontou mais de 60% dos votos válidos para Raquel.
O levantamento desta semana deve trazer ao menos uma ideia do que representa a visita de Lula (PT) ao estado e o apoio declarado para Marília.
Lula é a última cartada da neta de Arraes, que pela forma como a campanha se desenrolou e pela agenda do ex-presidente precisou acontecer muito cedo.
Se tiver efeito na campanha, será necessário prolongar sua duração por quase metade do segundo turno, o que não é fácil para quem já começou em desvantagem.