Na conversa que teve com deputados pernambucanos em Brasília, esta semana, a governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) chamou a atenção dos presentes por dois motivos.
O primeiro preocupou: ela ainda fala demais em Caruaru e a preocupação de muitos é que ela se concentre demais em sua região e esqueça o restante do estado. O comentário geral é de que “o discurso da campanha, sobre os êxitos na cidade em que foi prefeita, entregam a dimensão do que ela pode fazer sendo governadora. Mas a eleição já acabou”.
O segundo ponto foi positivo e diz respeito ao “custeio da Saúde”. É difícil manter os equipamentos já existentes em Pernambuco. A evidência pode ser verificada nas imagens divulgadas pela TV Jornal, nesta quinta-feira (10), da falta de estrutura no Hospital Otávio de Freitas.
Infiltrações pelo teto, doentes em macas espalhados pelos corredores, uma superlotação absurda com pacientes sentados até ao pé de uma escada, servindo de obstáculo para quem passa de um andar para o outro.
Na administração pública, há dinheiros que não se podem misturar. Não se pode tirar verba do convênio de uma estrada para contratar mais profissionais de Saúde, ou fazer reforma num hospital, por exemplo.
Mas saber que o governo deixa dinheiro em caixa quando pessoas com problemas de saúde estão sendo atendidas (quando são) nessas condições é revoltante.
A preocupação da governadora eleita em buscar dinheiro para custeio foi muito bem recebida pela bancada, porque mostra comprometimento dela com o que é essencial e não vem sendo resolvido. O Palácio também viu com bons olhos. Acreditam que é um reconhecimento, da parte dela, de uma dificuldade que depende muito mais de Brasília do que da gestão estadual.
Os pacientes amontoados nos corredores não concordam e têm suas razões para não concordar com o governo. Porque o PSB teve o controle da bancada federal nos últimos 16 anos e não conseguiu resolver o problema do custeio. Seja porque era aliado do presidente e não podia pressionar, seja porque era inimigo e não podia nem conversar.
O resultado é a superlotação e o abandono de pernambucanos em corredores e escadas.
Isso em dias de sorte, quando o teto não desaba sobre eles.